Speedy Gonçalves sobe a 7.º da geral após etapa muito acidentada
Foi uma etapa algo atribulada. As dificuldades de navegação reveladas pelos primeiros pilotos a arrancar marcaram a especial desta quinta-feira, entre Chilecito a San Juan, na Argentina. Foi o caso de Paulo Gonçalves, que terminou em 8.º lugar, mas também de Pablo Quintanilla, segundo na geral, que se sentiu mal - sofreu um traumatismo craniano, com perda de consciência - e acabou por abandonar o Dakar. O infortúnio de Quintanilla deixou o pódio entregue a três KTM e permitiu a Paulo Gonçalves subir para sétimo da geral, a pouco mais de um hora do líder Sam Sunderland.
Depois de anulada a tirada rainha do Dakar, os pilotos sabiam que a especial era decisiva para marcar posição para os dois últimos dias. Foi o que fez Hélder Rodrigues. Andou perdido na maioria dos waypoints da décima etapa, mas acabou por ser o melhor português na tirada (5.º), recuperando cinco lugares na geral e ficando às portas dos dez primeiros (11º). O português da Yahama passou a ser o segundo melhor português, ultrapassando Joaquim Rodrigues (Hero), que foi 16.º na geral e desceu quatro posições (14.º da geral).
Já Paulo Gonçalves acelerou e recuperou tempo nos últimos quilómetros (chegou a estar a mais de 18 minutos do mais rápido), para terminar a 9m38s de Michael Metge, o mais rápido de todos os motards, que viria a ser penalizado e dar a vitória na etapa ao companheiro de equipa Joan Barreda, seguido de Stefan Svitko a 1m19s. O eslovaco da MTM terminou a tirada "exausto" e acabou por ser levado para o hospital por se ter sentido mal.
Paulo Gonçalves (Honda) subiu a sétimo da geral, a menos de cinco minutos de Pierre Renet, sexto classificado, com o pódio a meia hora. Mas tudo pode mudar, após a reunião da Honda com a organização da prova para analisar o recurso ao castigo de uma hora aplicado à equipa - por reabastecimento fora de local autorizado -, após queixa da KTM. Mas não se esperam boas notícias para Speedy Gonçalves e companhia, já que o argentino Erick Nevels, um dos comissários e presidente dos juízes das motos, afirmou que a reclamação da Honda está fora de prazo e a data do documento foi falseada...
Nos carros, o domínio dos Peugeot, que ocupam os três primeiros lugares da geral, ficou ainda mais acentuado depois do choque de Mikko Hirvonen com um camião, que deixou o Mini do finlandês bastante maltratado e o obrigou a parar e a perder várias horas para os da frente.
Hirvonen não foi o único acidentado do dia nos carros. Stephane Peterhansel não conseguiu evitar uma colisão com o motard Simon Marcic, ao quilómetro 83. O esloveno, que corre na categoria maratona, sofreu uma fratura aberta da tíbia e perónio esquerdo e foi retirado de helicóptero, abandonando a competição.
Peterhansel perdeu 12 minutos no auxílio e terminou em terceiro, depois de Despres e Loeb, que venceu a tirada e segue líder da geral. Mas dizem os regulamentos que quando um competidor presta assistência a outro o tempo lhe é restituído, pelo que o senhor Dakar ainda poderá terminar a jornada na liderança. Algo que ainda não tinha acontecido na hora de fecho desta edição.
Nani Roma (Toyota) também teve um dia menos feliz deixando os três Peugeot cada vez mais confortáveis no pódio. Loeb, Peterhansel e Despres discutem entre eles qual dos Peugeot vai acabar em primeiro amanhã, último dia do Dakar 2017.
Hoje vai para a estrada a 11.ª e penúltima tirada da prova de todo-o-terreno, que levará os pilotos até Río Cuarto (Argentina), num trajeto de 754 quilómetros, 288 deles cronometrados.