SPD quer suavizar acordo de grande coligação nas negociações com CDU/CSU

SPD quer provisão especial sobre reagrupamento familiar e seguro universal de saúde nas negociações com CDU/CSU. 450 mil militantes sociais-democratas ainda vão ter de aprovar acordo final de grande coligação
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Os sociais-democratas querem suavizar partes do acordo de princípio de grande coligação durante as negociações que agora vão encetar com os conservadores da CDU/CSU de Angela Merkel para um novo governo na Alemanha.
Após ter recebido luz verde do congresso do SPD no domingo, o líder do partido, Martin Schulz, disse ontem que quer rever todos os pontos que constam das 28 páginas do acordo de princípio. "Vamos falar de novo sobre todos os tópicos que discutimos nas conversas exploratórias", garantiu, citado ontem pela Reuters.

No domingo, em Bona, Schulz recebeu o aval do partido para negociar nova grande coligação. Mas os sociais-democratas continuam divididos e a diferença do voto foi de 362 a favor e 279 contra (houve ainda uma abstenção). O número total de delegados era de 642. Depois de conhecido o resultado das negociações que agora vão começar, possivelmente na quinta-feira, adiantava ontem a imprensa, o acordo de governo ainda terá de ser ratificado pelos 450 mil militantes sociais-democratas.

Em entrevista à televisão ARD, o secretário-geral do SPD adiantou que o partido quer, por exemplo, introduzir uma provisão especial na parte do acordo de princípio que faz referência a um limite de mil casos de reagrupamento familiar permitidos por mês. Esta foi uma das cedências feitas à CSU, congénere bávara da CDU, que também conseguiu ver inscrito no acordo um limite de 220 mil para o número de migrantes e refugiados que podem entrar por ano em território alemão. Lars Klingbeil, nas declarações àquele canal alemão, referiu ainda a ideia do SPD de um seguro universal de saúde que substitua o sistema de saúde misto (público e privado).

Não querendo mostrar grande abertura para cedências à partida, Merkel disse apenas que o acordo "será intensamente negociado". Volker Bouffier, ministro presidente do Hesse e membro da CDU, disse, ao jornal Bild, que "os assuntos--chave não podem vir agora ser postos em questão". Juergen Hardt, porta-voz dos conservadores para a Política Externa no Bundestag, declarou, por seu lado, que "alterações ao acordo de princípio têm de ser feitas de mútuo acordo, porque já todos abdicaram de alguma coisa nas conversações. As pedras angulares são claras".

Apesar da aparente intransigência sugerida pelos partidos, a verdade é que, no passado, Merkel fez cedências importantes para conseguir uma grande coligação com os sociais-democratas. A chanceler aceitou, por exemplo, a introdução de um salário mínimo, uma opção que sempre tinha criticado, por exemplo, em relação aos países do Sul da Europa. Merkel sabe que Schulz tem de ter algo mais para apresentar aos militantes sociais-democratas, se quiser aprovada a grande coligação. A ser bem-sucedida esta fórmula, seria a terceira aliança SPD-CDU/CSU da era Merkel e um novo governo poderia ver a luz do dia antes da Páscoa.

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