SPD em congresso no meio das negociações com Merkel
O congresso, que se realiza em Leipzig (leste) até sábado, vai avaliar estas duas questões e votar a recandidatura de Sigmar Gabriel, candidato único à liderança do partido.
Três semanas depois do início das negociações entre os conservadores liderados por Angela Merkel, grandes vencedores das legislativas de 22 de setembro, e os sociais-democratas, que obtiveram o seu pior resultado eleitoral, os contornos do acordo de coligação continuam vagos, apesar da proximidade da data fixada para a sua conclusão, 27 de novembro.
Os dois maiores partidos alemães chegaram a um acordo de princípio para propor a introdução de uma taxa europeia sobre as transações financeiras, mas debatem-se com divergências que vão da política fiscal à política de família, passando pela equiparação dos direitos dos casais homossexuais e heterossexuais.
Hoje, os "cinco sábios", especialistas em economia que aconselham o governo alemão, apelaram aos dois partidos para que continuem a dar um "bom exemplo" à Europa e não voltem atrás nas reformas que aumentaram a competitividade da Alemanha e criticaram propostas, defendidas pelo SPD, como a reavaliação do aumento da idade da reforma para os 67 anos ou a fixação de um salário mínimo generalizado.
Depois de a anterior coligação com a CDU (2005-2009) se ter traduzido numa enorme perda de votos para o SPD, a direção do partido decidiu submeter um eventual acordo de coligação a uma consulta junto dos seus 473.000 militantes.
A cumprir-se o calendário previsto, a consulta, por correspondência, realizar-se-á entre 06 e 12 de dezembro e os resultados serão divulgados um ou dois dias depois. Para ser vinculativa, a participação tem de ser igual ou superior a 20% dos militantes (94.000 votos).
Segundo analistas, os militantes vão provavelmente aprovar a coligação, preferível à realização de eleições antecipadas num contexto de perda de apoio eleitoral.
Por outro lado, a direção do SPD vai defender perante os delegados que não seja afastada a possibilidade de uma aliança à escala federal com A Esquerda (Die Linke), não na presente legislatura, mas na seguinte, prevista para 2017.
Esta hipótese tem sido um tabu para o partido, que em todas as campanhas eleitorais rejeitou alianças ao nível federal com aquela formação, composta por dissidentes do SPD e pós-comunistas do leste da Alemanha.
Mas, no atual contexto político, em que teoricamente o SPD, A Esquerda e Os Verdes têm maioria na câmara baixa do parlamento (Bundestag), a moção é vista por analistas como um "sinal" às bases e também a Merkel de que o partido tem outras opções.