É a número cinco da lista do PSD à Câmara de Lisboa, mas não se inibe de criticar o modo como está a ser conduzida a campanha..A minha crítica tem que ver com o facto de achar que nesta campanha houve erros de estratégia, de análise e de escolhas de pessoas em Lisboa. Esta campanha não foi preparada como devia ter sido porque não lhe foi dada a devida importância. Pedro Passos Coelho, depois de não ter mantido o governo em 2015, pensou que ia voltar rapidamente ao poder e, portanto, achou que as autárquicas não eram uma eleição importante e não era importante a eleição em Lisboa..Refere-se nomeadamente à cabeça--de-lista, a Teresa Leal Coelho?.Não só, mas também. O problema é que Passos Coelho quando achou que ia fazer governo rapidamente viu no CDS um parceiro e não quis tomar as decisões que se impunham e que eram de autonomia estratégica da candidatura do PSD em Lisboa. Eu considero que Pedro Passos Coelho matou o PSD em Lisboa e foi um homicídio qualificado..Mas se pensa isso, porque aceitou integrar a lista e porque não saiu já?.Faço parte da lista porque passei os últimos quatro anos aqui, na Assembleia Municipal, a trabalhar pelo PSD, para o bem do PSD, mas sobretudo para o bem da cidade e dos lisboetas. E o que o PSD fez foram coisas com muito valor: impôs-se no processo da Segunda Circular, conseguiu impedir que esse concurso fosse para a frente, porque Fernando Medina teve medo das críticas; alertou sempre para a ilegalidade e a inconstitucionalidade da taxa de proteção civil; para os problemas de trânsito; para o papel da EMEL, que é um papel de confisco para pagar a Carris; e avisou que a Carris desta forma gerida pelo município vai endividar-se e não será capaz de prestar um bom serviço aos cidadãos. E esse papel, em que eu tive ocasião de intervir, de defesa de Lisboa e dos cidadãos, dos moradores e das pessoas que cá trabalham, nada disso se veio a refletir no que foi a campanha. Mas quando me fizeram o convite pensei naturalmente que essas seriam as bandeiras do PSD, e não foram..Mas os problemas começaram só nesta campanha?.Não começaram. Começaram muito atrás, quando em 2015 o PSD passa para a oposição e não aproveitou essa ocasião para preparar as autárquicas. Se a ideia quando Teresa Leal Coelho foi a número dois de Fernando Seara já era que seria a candidata em 2017, então todo o mandato devia ter sido pensado nesse sentido, e não foi. Desse ponto de vista, o PS está a fazer muito melhor. Desde o início, António Costa preparou Fernando Medina para ser número dois e, neste momento, Medina já preparou o seu sucessor se quiser ou se tiver de abandonar a câmara municipal, que é Duarte Cordeiro. O PSD não fez isso. Ou seja, se neste momento houver um problema e houver necessidade de eleições antecipadas na Câmara de Lisboa, eu pergunto: quem é que vai protagonizar uma candidatura pelo PSD? A estratégia não tem sido de dar frutos a longo prazo. Defendo o que Ricardo Rio fez em Braga, era um jovem e foi tentando, tentando, até conseguir ganhar a câmara. Há um problema de falta de estratégia e o responsável é o presidente do partido..A campanha de Teresa Leal Coelho em Lisboa foi mal sucedida?.O PSD devia ter pensado se podia candidatar uma pessoa que manifestamente não gosta de fazer política, não sabe fazer política, não gosta de debater, não gosta de ir à televisão e não gosta de confrontar adversários..Se eventualmente a candidata do CDS ficar à frente da do PSD, que consequências internas isso terá?.Grave é o PSD em Lisboa não concorrer para ganhar. Concorrer para um segundo lugar já é muitíssimo mau. Se ficar em terceiro ainda é pior. Não me importava que o PSD fosse terceiro nestas eleições se tivesse sido escolhida uma equipa exatamente como o exemplo que já dei do Ricardo Rio em Braga, de jovens ou de pessoas que fossem o futuro, que não ganhasse agora mas que ganhasse daqui a quatro anos, mesmo com 10% ou 15% nestas eleições..E o presidente do partido deve ser responsabilizado na noite das eleições se o resultado for muito mau em Lisboa?.A responsabilização em relação a Lisboa tem de ser feita porque já em 2013 o partido devia ter feito essa análise, já que os resultados foram metade em Lisboa do que tinham sido em 2009. E não fez porque teve em conta o superior interesse nacional e tínhamos a troika e éramos governo. Mas neste ano toda a gente achou que não haveria nada que impedisse o PSD de ter uma solução ganhadora. Se o PSD tiver um mau resultado, não é um problema de se responsabilizar Pedro Passos Coelho, é a ele e a estratégia para evitar que no futuro ela volte a repetir-se. Em relação ao líder do PSD também há uma questão que tem de ser dita: em Lisboa, o presidente da distrital, Pedro Pinto, e a candidata Teresa Leal Coelho, que foram escolhas para a distrital e para a Câmara Municipal de Lisboa, são amigos e companheiros de sempre, são as pessoas com as quais ele começou o percurso no PSD e na liderança. Depois de sete, quase oito anos, está exatamente na mesma como quando começou e os resultados do PSD em Lisboa a piorar de dia para dia. Há dias, Passos disse que em Lisboa o PSD não estava a lutar pela sobrevivência, o problema é que está. E as responsabilidades vão ter de ser assacadas..O facto de Passos já ter anunciado a recandidatura à liderança é para estancar essa análise?.É, certamente. Estamos em campanha e Passos declara aberto o processo de sucessão interno dentro do PSD, em segundo lugar diz que é candidato e em terceiro anuncia um Conselho Nacional no dia 3 de outubro para discutir isto. Depois de dizer que está aberto o processo eleitoral e que ele é candidato, já ninguém se vai preocupar muito em discutir aquilo que se passou..E as notícias de que Rui Rio estaria a preparar uma candidatura à liderança do partido, acredita que irá acontecer?.Não sei vai ou não, mas não estou muito interessada no discurso da luta pela liderança se ela servir pura e simplesmente como fuga para a frente.