Na Assembleia da República, o líder parlamentar do PS, Carlos César, diz que a decisão de José Sócrates em sair do partido foi tomada "de forma responsável e livre" e usou o direito que lhe assiste.."José Sócrates deixou uma marca positiva como primeiro-ministro", considerou o presidente do partido.."O PS orgulha-se do seu contributo ao longo de toda a história democrática para o progresso do nosso país e em especial nas circunstâncias em que o PS assumiu responsabilidades governativas", destacou..Aos jornalistas, Carlos César disse que a atitude do PS em relação a estes casos não mudou, salientando o compromisso do partido com a transparência e o princípio de separar as questão judiciais das questões políticas.."O que nós dissemos e continuamos a dizer é que, em circunstâncias que envolvam suspeitas e acusações de atos graves, da parte do PS haverá desde logo e sempre uma preocupação", começou por explicar.."Se se confirmarem essas suspeitas e acusações, aquilo que hoje os portugueses sentem quando confrontados com elas, e se elas se vierem a confirmar, é um entristecimento e um sentimento de revolta. É isso que temos dito e continuamos a dizer ", esclareceu o líder da bancada parlamentar socialista..Carlos César voltou a referir que os casos que "recebem uma atenção mediática compreensível são casos que se têm disseminado ao longo dos anos, por personalidades e situações, que não o Partido Socialista".."Temos de ter consciência e não apagar da nossa memória que, em inúmeras situações em vários governos e em vários partidos, têm existido pessoas cuja conduta e cujo comportamento é censurável. Algumas delas até já cumpriram pena de prisão, outros são arguidos, outros têm graves suspeitas que ainda não foram esclarecidas e são pessoas de todos os partidos e, em particular, daqueles que têm desempenhado funções de Governo", sublinhou.."O que hoje para nós é importante é que o Portugal que temos seja gerido com cada vez maior transparência para que sejam obtidos cada vez mais resultados e a nossa democracia seja fortalecida", defendeu Carlos César na declaração feita à Assembleia da República..Sócrates ocupou o cargo de primeiro-ministro entre 2005 e 2011.José Sócrates, 60 anos, é o principal arguido na Operação Marquês, em que está acusado de vários crimes económico-financeiros, incluindo corrupção e branqueamento de capitais..No âmbito da investigação, esteve preso preventivamente durante 288 dias, entre novembro de 2014 e setembro de 2015..Sócrates aderiu ao PS em 1981, e foi secretário-geral do partido entre 25 de setembro de 2004 e 06 de junho de 2011..Em 2005, obteve a primeira maioria absoluta do PS em eleições legislativas e foi primeiro-ministro até 2011, depois de o seu Governo ter pedido ajuda financeira ao Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu..O antigo secretário-geral do PS e primeiro-ministro anunciou hoje que pediu a desfiliação do partido para acabar com um "embaraço mutuo", após críticas da direção que, na sua opinião, ultrapassam os limites do aceitável..Num artigo publicado hoje no Jornal de Notícias, Sócrates diz que está a ser alvo "uma espécie de condenação sem julgamento"..O anúncio de José Sócrates surge depois das declarações do líder parlamentar, Carlos César, de vários militantes do PS e do primeiro-ministro e atual secretário-geral socialista, António Costa, que disse na quinta-feira que ninguém está acima da lei..O presidente do PS e líder parlamentar socialista, Carlos César, tinha afirmado esta quarta-feira em declarações à rádio TSF que o partido se sente "envergonhado" com as suspeitas que recaem sobre Manuel Pinho, antigo ministro da Economia do Governo de José Sócrates, salientando que a "vergonha é ainda maior" no que diz respeito ao processo de Sócrates por se tratar de um antigo primeiro-ministro.."Sou agora forçado a ouvir o que não posso deixar de interpretar como uma espécie de condenação sem julgamento. Desde sempre, como seu líder, e agora nos momentos mais difíceis, encontrei nos militantes do PS um apoio e companheirismo que não esquecerei. Mas a injustiça que agora a direção do PS comete comigo, juntando-se à direita política na tentativa de criminalizar uma governação, ultrapassa os limites do que é aceitável no convívio pessoal e político", sublinhou Sócrates.."Considero, por isso, ter chegado o momento de pôr fim a este embaraço mútuo. Enderecei hoje uma carta ao partido Socialista pedindo a minha desfiliação do partido", anuncia no artigo de opinião.