Socorama pediu insolvência por dívida de 12 milhões
O jornal Público noticia hoje que a exibidora de cinema pediu insolvência na terça-feira, citando o administrador João Paulo Abreu, que alega dívidas de 12 milhões de euros a fornecedores, entidades bancárias e a trabalhadores.
Em janeiro, a Socorama anunciou o encerramento de quase metade das 106 salas de cinema que explora em todo o país, levando ao despedimento de 75 trabalhadores.
"Já suspeitávamos que a administração iria pedir insolvência, mas é uma decisão de má fé", disse à agência Lusa António Caetano, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV).
O pedido de insolvência terá dado entrada no Tribunal do Comércio de Lisboa na terça-feira, um dia depois de os trabalhadores se terem manifestado em Lisboa e de os seus representantes se terem reunido com a administração.
António Caetano explicou que os trabalhadores são agora os primeiros credores da Socorama, mas alertou que a decisão da administração poderá levar ao encerramento das restantes salas de cinema.
"Já esperávamos que acontecesse, toda a situação foi uma bola de neve (...) O administrador que for nomeado pelo tribunal poderá tentar recuperar a empresa, mas duvido porque não tem pernas para andar", lamentou à agência Lusa o representante dos trabalhadores, Carlos Neves.
Para Carlos Neves, a atual situação da exibidora - até aqui uma das maiores em Portugal - resulta de uma "gestão ruinosa e desastrosa ao longo dos últimos anos".
O representante dos trabalhadores alertou ainda que a empresa poderá não pagar as indemnizações nem os salários de fevereiro.
"Há empresas que já comunicaram que vão retirar as máquinas de projeção, o mesmo já aconteceu com a assistência técnica. Os fornecedores cortaram fornecimento para os bares dos cinemas, para a limpeza. Não há limpeza nos cinemas, são os funcionários que estão a assegurar", denunciou o responsável.
Carlos Neves antevê que "o mais provável é o encerramento da empresa, a venda dos bens, que mesmo assim são insuficientes e não chegarão para cobrir todas as dívidas".
A agência Lusa tentou por diversas vezes, e sem sucesso, pedir um esclarecimento ao administrador da Socorama João Paulo Abreu.