Socks: o gato que "cogovernava" com Bill Clinton

Era um simples gato doméstico mas tornou-se uma celebridade mundial quando chegou à Casa Branca com a família Clinton. Esteve à altura do mediatismo mas não apreciava partilhar atenções e mimos com outros animais
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Não tinha uma boa convivência institucional com Buddy, o cão da Casa Branca, mas desfilava com aprumo felino ao som de "Hail to the Chief", a marcha que acompanha muitos dos atos oficiais dos Presidentes dos Estados Unidos.

Falamos de Socks, o carismático gato preto e branco adotado pela adolescente Chelsea Clinton quando o pai ainda era governador do Arkansas. Como a maioria dos da sua espécie, Socks (peúgas em inglês, epíteto justificado pela brancura da extremidade das patas) gostava do conforto doméstico, mas aguentou bem a pressão mediática quando, em Janeiro de 1993, a família Clinton se mudou para a Casa Branca. O dono era agora o homem mais poderoso do mundo? Então ele seria o gato em chefe ou o primeiro gato da nação, como também foi designado. E esteve à altura dos acontecimentos.

Tudo começou em 1989, de forma muito semelhante a tantas histórias ocorridas um pouco por todo o mundo: uma adolescente, Chelsea, ia para uma aula de piano e perto da casa do professor viu dois gatinhos bebés a brincar. Apaixonou-se por um deles e levou-o para casa. Sockscresceu em saúde e beleza, rodeado de mimo, sem suspeitar que, em breve, se tornaria uma celebridade mundial. Aconteceu em 1993, depois de uma viagem de carro de dois dias entre a sua Little Rock natal e Washington. À sua espera estavam já as comodidades necessárias ao novo inquilino: uma cama fofa e um caixote de areia.

Era o primeiro gato na Casa Branca desde Misty Ying Yang, o siamês de Amy Carter, filha de Jimmy Carter, e não tardou a dar um ar da sua graça. Num dos edifícios mais bem guardados do mundo, Socksgozava de uma liberdade de movimentos proibida a qualquer ser humano, sendo, por isso, fotografado nas situações mais inusitadas: a acompanhar Bill Clinton enquanto recebia visitantes estrangeiros ou mesmo na Sala de Imprensa, frente aos microfones.

O charme do felino tornou-se, a seu modo, um trunfo político. Compreendendo-o a primeira dama Hillary Clinton passou a levá-lo em visitas a escolas, lares de idosos, hospitais. O sucesso foi tal que, em breve, começaram a chegar à Casa Branca milhares de cartas de crianças dirigidas a Socks. Anos mais tarde, Hillary reuni-las-ia em livro. Mas em 1995 esta vida de "estrela" teve um sobressalto: o gato presidencial descobriria que a fidelidade não era uma das virtudes de Bill Clinton. Saudoso da companhia de um cão, o Presidente adotou o labrador Buddy.

Ainda foi tentada a convivência pacífica, mas Socks, habituado a não dividir mimos, não apreciava coligações. Anos mais tarde, quando os Clinton deixaram a Casa Branca, Buddy acompanhou a família e Socks ficou à guarda de uma das suas maiores fãs, a antiga secretária do presidente, Berry Currie, no Maryland. Morreu em Fevereiro de 2009, quase com 20 anos, depois de uma "reforma" longa e feliz.

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