Socialistas deixam escapar ANMP para PSD

O PS venceu as eleições autárquicas de domingo em votos, triunfou em número de mandatos, mas voltou a perder em número de câmaras face ao PSD, deixando fugir a presidência da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP).
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Para além dos números totais, os socialistas venceram a Câmara da capital com maioria absoluta, conquistaram o "bastião laranja" de Leiria e tiraram à CDU a capital do Baixo Alentejo, Beja.

Nesta noite eleitoral autárquica, em que o secretário-geral do PS, José Sócrates, reivindicou para o seu partido "um resultado muito bom" e "acima das expectativas eleitorais" no início da campanha, a nota negativa para os socialistas foi a perda da autarquia de Faro, que caiu para o PSD.

Em comparação com as autárquicas de 2005, o PS aumentou de 110 para 132 o número de câmaras conquistadas, mesmo assim um valor insuficiente para recuperar ao PSD a presidência da ANMP, perdida nas eleições locais de 2001.

Nas eleições autárquicas de domingo, o PS voltou a ser o partido mais votado no total nacional e até aumentou o seu "score" face há quatro anos, passando de 1,9 milhões de eleitores para mais de dois milhões.

Outro dado que serviu a Sócrates para elogiar os resultados do seu partido foi o triunfo em número de mandatos, 898 contra 824 em 2005.

Neste ponto, o secretário-geral do PS salientou que os socialistas bateram em número de mandatos o PSD, mesmo somando os mandatos obtidos pelos sociais-democratas em listas próprias com os mandatos deste partido em coligação com o CDS.SindicatosReunião da CGTP ensombrada por apoio de Carvalho da Silva a António Costa

A reunião de hoje da Comissão Executiva da CGTP poderá ser marcada por alguma polémica em torno do apoio expresso por Manuel Carvalho da Silva ao candidato socialista à Câmara Municipal de Lisboa, António Costa.

O secretário-geral da Intersindical, Carvalho da Silva, é militante comunista mas desejou, na semana passada, a vitória a António Costa, que nas eleições autárquicas de domingo renovou o mandato à frente da Câmara Municipal de Lisboa.

A posição assumida pelo líder da Inter num encontro de rua com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, causou reacções diversificadas dentro e fora da central sindical e, por isso, alguns dos elementos do executivo deverão suscitar a discussão do caso.

"É natural que este assunto seja discutido na reunião da Comissão Executiva, num quadro de combates eleitorais, e isso é salutar porque irá permitir um debate sobre a intervenção da CGTP no novo quadro político", disse à agência Lusa Carlos Trindade, da Comissão Executiva da Inter.

Carlos Trindade, que lidera a corrente socialista da CGTP, reconheceu que a posição assumida por Carvalho da Silva pode originar alguma controvérsia mas considerou isso "natural, numa organização colegial, que funciona democraticamente".

"A CGTP é uma organização plural e é daí que vem a sua grande força na sociedade portuguesa. A central agrega trabalhadores de todos os partidos e independentes, assim como dirigentes de todas as áreas políticas", disse, referindo, no entanto, que a maioria dos dirigentes da Inter são do PCP.

Para o sindicalista, Manuel Carvalho da Silva, "sendo militante do PCP, tem sido o gestor do difícil equilíbrio politico-sindical dentro da direcção da CGTP".

O líder da corrente socialista da CGTP acredita que a posição assumida por Carvalho da Silva não colocará em causa "o papel e as funções que ele tem exercido na confederação".

A agência Lusa tentou falar com outros dirigentes da Inter sobre esta matéria mas ninguém se quis pronunciar por considerarem tratar-se de um assunto interno.

No entanto fontes da CGTP reconheceram que as declarações de Carvalho da Silva suscitaram protestos, alguns escritos, da parte de alguns dirigentes e de trabalhadores.

Depois de ter manifestado o seu apoio a António Costa, Carvalho da Silva fez um esclarecimento escrito, onde defendia a necessidade de convergência da esquerda na gestão de Lisboa e onde reafimava o seu apoio à CDU por entender "que o país precisa do reforço da CDU".

Perante isto, o secretário-geral da PCP, Jerónimo de Sousa, considerou que o apoio de Carvalho da Silva - que se escusou a revelar o seu sentido de voto - não tinha sido porto em causa.

Posteriormente Carvalho da Silva disse aos jornalistas que as suas declarações de quarta-feira sobre o desejo de vitória do socialista António Costa em Lisboa, foram feitas enquanto cidadão.

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