A psicóloga que tem acompanhado o militar da GNR que sobreviveu aos crimes de Aguiar da Beira disse esta terça-feira, em tribunal, que este se sente frustrado por não ter conseguido salvar o colega com quem fazia patrulha..António Ferreira, que na madrugada de 11 de outubro de 2016 foi atingido por um tiro e viu o seu colega Carlos Caetano ser assassinado, alegadamente por Pedro Dias, tem sido acompanhado pela psicóloga Andreia Campos desde que regressou a casa do hospital..A psicóloga, que foi a última testemunha a ser ouvida hoje à tarde no Tribunal da Guarda, referiu que António Ferreira, "na cabeça dele, consegue fazer todo o trajeto daquilo que passou" nessa noite, recordando diariamente esses acontecimentos..Apesar disso, "está mais vincado o não ter conseguido salvar o colega do que propriamente o que ele passou", acrescentou..Andreia Campos contou que, por sua sugestão, António Ferreira foi uma vez ao posto da GNR de Aguiar da Beira, mas a visita "correu muito mal", porque ele "ficou super ansioso e até vomitou"..Segundo a psicóloga, apesar de António Ferreira gostar do que fazia, não quer retomar a profissão e até o saco que recebeu com a farda nova continua fechado..Na sua opinião, o militar tem "fobia social". Quando o visita, em casa, tem a porta fechada à chave e as janelas fechadas.."Diz-me muitas vezes: 'sou um inútil para a sociedade'", contou, acrescentando que ele toma medicação para a depressão e para a ansiedade..De manhã, tinha sido ouvida Dulce da Conceição, que disse que a sua irmã, Lídia da Conceição, identificou Pedro Dias como o homem que a sequestrou numa casa em Moldes, no concelho de Arouca, em 16 de outubro de 2016..À tarde, foi ouvida outra irmã de Lídia da Conceição, Maria de Fátima da Conceição, que, no geral, confirmou a versão contada por Dulce..O Tribunal da Guarda permitiu que ambas contassem o que Lídia da Conceição lhes disse porque esta se encontra impossibilitada de falar devido a um AVC que sofreu em 29 de novembro..Após 16 de outubro, Lídia esteve a viver em casa de Maria de Fátima durante 12 dias, tendo depois decidido regressar a sua casa e também ao seu trabalho numa ourivesaria..Ao longo desses 12 dias, Lídia "andava nervosa, não dormia", queixava-se de dores de cabeça e no corpo, contou Maria de Fátima..Quer Maria de Fátima, quer Maria Meirinho, que era a patroa de Lídia na ourivesaria, afirmaram que, depois do sucedido e até ter tido o AVC, esta andava muito nervosa e com medo..Durante a tarde foram ainda ouvidas testemunhas que confirmaram que Catherine Azevedo vivia há mais de dois anos com Carlos Caetano..Pedro Dias está acusado de três crimes de homicídio qualificado sob a forma consumada, três crimes de homicídio qualificado sob a forma tentada, três crimes de sequestro, crimes de roubo de automóveis, de armas da GNR e de quantias em dinheiro, bem como de detenção, uso e porte de armas proibidas..O julgamento tem sessões marcadas para quarta e quinta-feira, mas ainda há duvidas se estas se poderão realizar devido à greve dos serviços prisionais.