Só 34 mil lisboetas fizeram testes grátis nas farmácias
Há nove freguesias de Lisboa na linha vermelha - Areeiro, Arroios, Penha de França, Campolide, Santo António, Santa Maria Maior, Misericórdia, Estrela e Ajuda. A situação é preocupante e o governo colocou a capital em alerta.
As ações de testagem com equipas móveis e fixas começam amanhã a sair para as ruas, sobretudo para as áreas frequentadas pela população mais jovem, dos 18 aos 20 anos, entre as 19h00 e as 22h00.
O objetivo é conseguir testar o mais possível uma população que, em grupo, tem vindo a negligenciar as regras de proteção individual e a testagem, já que ao abrigo do programa da autarquia Lisboa Protege todos os lisboetas têm direito a dois testes gratuitos por mês, numa das farmácias aderentes, e poucos o estão a fazer.
Os dados da Associação Nacional de Farmácias (ANF) revelam que, desde 31 de março, dia em que começou o programa, até 25 de maio, só 34 095 pessoas fizeram testes gratuitos. Destas, 11 238 fizeram-no a partir do dia 12 de maio - mais 9926 testes comparativamente com os realizados nas duas semanas anteriores a esta data, o que pode significar que o aumento na procura pode ter tido que ver com os festejos do Sporting.
No entanto, o número total está muito aquém do expectável. O vereador da Proteção Civil da Câmara Municipal de Lisboa, Miguel Gaspar, explicou ao DN que "a preocupação da câmara foi colocar à disposição da população um meio de testagem, sem limites, para que cada um de nós pudesse voltar à normalidade de forma segura", porque "tirando a vacinação, que não depende de nós, a testagem é o meio mais universal para o controlo da doença e do R(t), mas há algo que não conseguimos controlar, a responsabilidade individual de cada cidadão. E não podemos obrigar ninguém a fazer testes de despistagem".
A situação é que não são só os mais jovens que, por alguma razão, não vão à farmácia fazer o teste, o programa foi alargado a cerca de 30 mil trabalhadores de empresas instaladas na capital, desde hotelaria, restauração e outras, e nem mesmo estas têm aproveitado este mecanismo de controlo para os seus funcionários.
Por isso, Miguel Gaspar sublinhou que a única coisa a fazer, perante a situação que a cidade vive, "é apelar à população que adira ao programa. É preciso testar, testar, testar. É a única forma que temos de identificar novos casos, isolá-los e reduzir o R(t)".
O vereador lembra mesmo que a autarquia tem programas para apoiar os cidadãos que ficam infetados e não têm condições para fazer isolamento, "arranjamos locais para fazerem o isolamento", disse, e para os que não têm condições económicas para ficarem em casa. "Temos programas de apoio de emergência social." Miguel Gaspar salienta que a incidência na capital é relevante, mas não alarmante e que está nas mãos de cada cidadão fazer que esta diminua.
Recorde-se que, segundo referiu o diretor do Departamento de Informações da Direção-Geral de Saúde , na terça-feira, Lisboa estava com um R(t) de 1.4 e com uma incidência de 135 casos por 100 mil habitantes. A tendência continua a ser de subida, podendo atingir nas próximas semanas os 150 e os 240 casos diários por 100 mil habitantes.
O Conselho de Ministros, reunido ontem, colocou Lisboa no grupo de concelhos em alerta, juntamente com Tavira, Vila do Bispo, Vila Nova de Paiva, Chamusca, Salvaterra de Magos e Vale de Cambra. O país vai continuar em estado de calamidade até 13 de junho.