Siza Vieira atreveu-se e mostra a sua arte interior no Museu do Azulejo

Exposição inclui mobiliário, tapeçarias, ourivesaria, escultura e, claro, azulejos linearmente desenhados pelo arquiteto do Porto
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"É preciso ser muito atrevido para pôr aqui azulejos." É com uma gargalhada que Siza Vieira termina esta frase antes de explicar como nasceu a exposição A Arte Interior. Siza Vieira e o Desenho de Objetos que a partir de hoje pode ser vista no Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa.

Além dos pequenos quadrados de cerâmica históricos, o arquiteto, que em 1992 venceu o Prémio Pritzker, destacou o facto de passar a ter trabalhos seus lado a lado com Júlio Pomar e Manuel Cargaleiro.

E o que traz para a conversa em torno da mesa da esplanada do restaurante do museu (ontem), minutos antes da inauguração, explica a deferência: "Eu já tinha tentado desenhar nos azulejos, mas o desenho desaparecia. E numa conversa com o Pomar ele disse-me que havia especialistas que através de uma técnica de pontinhos passavam os desenhos para o azulejo. E fica magnífico, parece mesmo desenhado diretamente. Isto foi para a igreja do Marco [de Canaveses], para o painel [de seis metros de altura, na capela batismal], e a partir daí foi na China e na Coreia do Sul".

Mas não foi esta a única ajuda que teve para entrar no mundo dos azulejos. Os profissionais da Fábrica Viúva Lamego também "facilitam muito o trabalho", diz, bem como os conhecimentos de outro artista: Manuel Cargaleiro. "Conheci o Cargaleiro e ele ajudou-me noutra coisa muito importante, na escolha das cores. Os azulejos podem ter uma cor fantástica, mas para quem não tem experiência é muito difícil. A cor muda minuto a minuto. E agora, com a moda das telas a tapar as obras, só no final, quando retiram a tela, é que sabemos mesmo se resulta."

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