Situação de Barreiras Duarte "tornou-se insustentável" e "está a prejudicar" Rui Rio

O presidente social-democrata não quer que o problema com secretário-geral do partido passe deste fim de semana. Nas próximas horas, Feliciano Barreiras Duarte será forçado a pedir demissão depois de o cerco se ter apertado
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A situação do secretário-geral social-democrata, Feliciano Barreiras Duarte, "tornou-se insustentável porque já está a prejudicar o líder do PSD", admitiu ontem ao DN fonte próxima de Rui Rio.

De acordo com a mesma fonte, uma vez que Barreiras Duarte não tomou a iniciativa de se demitir, dentro de horas, Rui Rio falará com o seu secretário-geral para o forçar a sair do cargo, para o qual foi eleito na lista do presidente do PSD no último congresso. Não passa deste fim de semana, sinalizou a referida fonte.

Feliciano Barreiras Duarte tem sido cada vez mais um ativo tóxico para a liderança social-democrata, depois de ontem o cerco ter-se apertado. À polémica do currículo falso somou-se a notícia de que o também deputado terá recebido indevidamente ajudas de custo e despesas de deslocação do Parlamento por ter dado uma morada no Bombarral quando vivia em Lisboa.

Segundo o Observador, entre 1999 e 2009, Barreiras Duarte recebeu ajudas como se vivesse no Bombarral, informação que o próprio confirmou por se tratar, disse, da sua morada fiscal à época. "Sendo a morada fiscal a única relevante para qualquer efeito administrativo e fiscal, incluindo o direito de voto, entendi que naturalmente era essa a morada que devia colocar no registo da Assembleia da República", explicou-se o secretário-geral do PSD.

Como notou a fonte próxima do presidente do partido, a forma como Barreiras Duarte falou inicialmente do seu currículo - de que era professor convidado (visiting scholar) na Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos - parecia não ter a gravidade que se revelou depois (desmentido por todos os envolvidos) e Rui Rio desconhecia também estes últimos factos relativos ao alegado subsídio indevido.

Já o antigo secretário de Estado do Ambiente José Eduardo Martins notava ontem na sua página do Facebook que conhece "o Feliciano desde os primeiros tempos na JSD", disparando logo: "Não houve, portanto, pelo menos para esses como eu, qualquer surpresa nesta pequena história tão camiliana... Nem surpreende que ninguém, nem uma alminha, se empenhe a defendê-lo... a vida dá sempre colheita das sementes que plantamos."

O ex-deputado municipal de Lisboa - que partilhou a notícia de ontem do DN dando conta que Rio esperava a demissão do seu secretário-geral - antecipou no entanto o braço-de-ferro de Barreiras Duarte para deixar o cargo. "Já quem mandou contar aos jornais todos que está à espera que ele se demita, talvez tenha a surpresa que no resto não houve."

Prova do incómodo com este caso será o facto de Rui Rio já não se fazer acompanhar de Barreiras Duarte na viagem que fará a Bruxelas, a meio da semana. Segundo o Observador, o líder do PSD tinha informado, num primeiro momento, que seria o secretário-geral a acompanhá-lo à cimeira do PPE, mas depois este foi substituído na comitiva por outro membro da comissão política.

Na Assembleia da República, Barreiras Duarte só marcou presença no debate quinzenal, na quinta-feira. Segundo os registos do Parlamento, faltou na quarta e na sexta. E se, no primeiro debate quinzenal de Fernando Negrão como líder parlamentar do PSD, se sentou ao lado deste, na última quinta-feira Barreiras Duarte ficou de fora da fotografia.

Ao lado de Negrão estavam os vice-presidentes da bancada Adão Silva e Rubina Berardo, enquanto Barreiras Duarte entrou já António Costa discursava e foi sentar-se na última fila da bancada, por trás do grupo parlamentar do CDS, numa fila onde estavam sentados o ex-líder parlamentar do PSD Luís Montenegro e Carlos Abreu Amorim.

Partidos fortes, pede Marcelo

Também ontem, instado pelos jornalistas a comentar o caso, o Presidente da República recusou pronunciar-se sobre a vida partidária e se a nova direção do partido presidida por Rui Rio está fragilizada, mas sempre foi dizendo que, a cerca de um ano das eleições, "é muito importante que haja partidos fortes".

"Aquilo que eu disse sempre e que volto a dizer é que é muito importante que haja partidos fortes e é muito importante agora que estamos praticamente a um ano e um mês das primeiras eleições que quer os partidos da área do Governo quer os da oposição estejam fortes", apontou Marcelo Rebelo de Sousa, citado pela Lusa.

Já a coordenadora do BE afirmou que o PSD "tem explicações a dar" sobre o apoio indevido do Parlamento a Feliciano. "Não tenho nada a comentar, julgo que o PSD é que tem explicações a dar", atirou, notando que "toda a gente sabe no país como o BE se bate por essa transparência, pelo escrutínio".

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