Site vigia 276 casas portuguesas e exibe imagens sem donos saberem
Numa loja de óculos de Matosinhos, vazia, uma funcionária vai consultando o computador enquanto conta o tempo que demora a passar. Na janela ao lado, outra pessoa serve vinho aos clientes num restaurante de Lisboa. Mais abaixo, no Funchal, as traseiras de uma casa albergam um conjunto de cadeiras, mesas e guarda-sóis que descansam, inutilizados, face ao mau tempo trazido por novembro. O DN viu estas imagens num computador da redação, simplesmente acedendo ao site Insecam que garante ter acesso a 73 mil câmaras de vigilância, com recolha de imagens pela internet em todo o mundo. O site justifica a sua transmissão com a necessidade de mostrar a quem instala estas câmaras de segurança quão fácil é aceder às imagens para que façam alguma coisa contra isso. Em Portugal o site observa 276 localizações de norte a sul e ilhas.
"Como é óbvio, esta recolha de imagens não autorizadas é ilegal. É uma intrusão à vida privada das pessoas e uma afronta à lei da proteção de dados", diz Manuel Lopes Rocha, advogado especialista em segurança informática.
Contactado pelo DN, o diretor adjunto da PJ, Pedro do Carmo, disse não ter conhecimento do caso. Apenas adiantou que, a ser assim, a divulgação de imagens sem consentimento é crime.