Sistema novo, defeitos antigos. Portugal soma vitória sem brilho
Uma vitória relativamente tranquila com uma exibição sofrível, num jogo em que Fernando Santos aproveitou para testar um novo sistema. No Estádio Nagyerdei, em Debrecen, Portugal bateu o Qatar, por 3-1, numa partida particular que marcou a estreia do médio Otávio com a camisola das quinas, coroada com um golo de cabeça - mostrando que é de facto mais uma opção para o selecionador -, mas a verdade é que o rendimento da equipa ficou novamente abaixo do esperado, no dia em que perdeu a liderança do Grupo A para a Sérvia (que bateu o Luxemburgo por 4-1). De positivo, ficou o resultado, perante um adversário frágil e que teve de jogar toda a segunda parte com um elemento a menos.
Como tinha prometido na antevisão da partida, o técnico português não fez alinhar de início nenhum dos titulares da partida frente à Rep. Irlanda, apostando num onze completamente renovado de modo a poupar o seu onze preferido para o encontro da próxima terça-feira, esse sim a valer pontos, frente ao Azerbaijão.
Perante um adversário que continua a preparar o "seu" Mundial e se apresentou em 5x3x2, com Pedro Ró-Ró, o português de ascendência cabo-verdiana que fez parte da sua formação no Benfica, a jogar no lado direito da defesa, o selecionador nacional apostou num 4x4x2 losango (ou porque esse era o melhor sistema para os jogadores que queria utilizar ou para testar um Plano B para quando não tiver Cristiano Ronaldo presente), com Rúben Neves atrás, Otávio à direita, João Moutinho à esquerda, João Mário na posição 10 e Gonçalo Guedes mais móvel na frente, ora surgindo à esquerda, ora à direita de André Silva
Numa equipa completamente nova e um sistema também pouco utilizado, custou à Seleção Nacional entrar no jogo, pelo que o "primeiro milho" foi mesmo para os qataris, que conseguiram criar três boas ocasiões para bater Anthony Lopes: logo aos quatro minutos, Abdulaziz Hatem rematou ao lado, aos nove Almoez acertou no poste direito e aos 16 guardião do Lyon desviou para canto um remate traiçoeiro que batera em Danilo.
A partir dos 20 minutos, tudo voltou à "normalidade". Uma boa abertura de Otávio (oitavo naturalizado a representar a Seleção), que já se evidenciara com dois belos passes na fase inicial da partida, deixou Nuno Mendes em boa posição, mas o novo recruta do PSG não dominou bem e o lance perdeu-se. Todavia, logo a seguir, Portugal chegou mesmo à vantagem, graças a um belo centro de João Mário que André Silva desviou de cabeça, assinando o seu 17º golo na seleção, ele que levava quase um ano sem marcar (23'). Quase de imediato, a equipa das quinas marcou o segundo, da mesma forma, desta vez cabendo ao novo internacional coroar a estreia com um golo, após cruzamento de Gonçalo Guedes - os dois assistentes frente à Irlanda repetiram o feito e Portugal somou o seu quarto golo seguido de cabeça.
Com o resultado em 2-0, a resistência da equipa orientada pelo espanhol Félix Sánchez chegou ao fim e Portugal foi criando ocasiões umas atrás das outras para ampliar a marca. Aexpulsão do guarda-redes do Qatar já em cima do intervalo, num lance com intervenção do VAR que deu como legal a posição de Gonçalo Guedes e o seu derrube, deixou mais evidente a desproporção de forças em luta, que se acentou no segundo tempo.
Frente a um adversário remetido à sua defesa, com quase toda a gente atrás da linha da bola, Portugal entrou numa espécie de treino descontraído de combinações ofensivas. Podia ter aumentado a vantagem, sobretudo num remate de João Mário após centro de Otávio, mas acabaria por sofrer novamente na sequência de um canto tal como sucedera no Algarve: Abdelkarim saltou sem oposição e cabeceou com força, sem hipóteses para o guardião português (61'), numa altura em que Diogo Jota e Bruno Fernandes tinham acabado de entrar.
Cerca de dez minutos volvidos, Fernando Santos voltou a mexer, introduzindo Trincão e Rúben Dias em campo, com a equipa a regressar então ao 4x3x3 mais tradicional. Portugal continuou a sentir dificuldades para romper a linha defensiva contrária mas ainda criou mais duas ou três chances, fechando o resultado perto do final, quando Diogo Jota arranjou um pontapé de penálti, que Bruno Fernandes converteu sem o habitual saltinho. O Qatar acabaria reduzido a nove, devido a mais uma expulsão, mas o resultado estava feito.