Sindicato da TAP reclama demissão de associados que não fizeram greve
A direção do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) enviou uma carta aos associados que não fizeram greve entre outubro e dezembro reclamando estes a "rever" os seus valores e, "em consciência", a demitirem-se.
"É entendimento da comissão de disciplina, e desta direção, que deve o exmo./a associado/a rever os valores por que se quer pautar e, não se conformando os mesmos com os fins e princípios acima referidos, deverá, em consciência, apresentar a sua demissão de associado", é escrito numa carta enviada a 14 de dezembro a um associado, missiva à qual a agência Lusa teve acesso.
Os tripulantes da TAP fizeram na reta final de 2014 uma greve de quatro dias, repartida em dois períodos: o primeiro foi a 30 de outubro e 01 de novembro e o segundo deu-se a 30 de novembro e 02 de dezembro.
Contactada pela Lusa, a presidente do SNPVAC, Luciana Passo, advogou que as cartas enviadas deram-se no "cumprimento integral de estatutos" e resultam de uma decisão tomada pela "larga maioria de associados" em assembleia-geral.
"Não é uma pistola apontada à cabeça de ninguém", defendeu, sublinhando que a missiva pretende servir como "alerta" de quem não fez greve.
Luciana Passo diz que houve inclusive associados que "não tinham necessariamente de ir voar" nos referidos dias, mas pediram para o fazer, sendo que houve alguns casos "'sui generis'" nesse registo.
Na carta enviada aos associados que trabalharam nos referidos dias, e que a Lusa consultou, é referido que a "conduta" desses quadros "não se compagina com o estabelecido nos estatutos", nomeadamente no que refere aos fins do sindicato: "alicerçar e defender a maior unidade e solidariedade entre todos os associados, desenvolvendo a sua consciência sindical" e "promover e organizar ações conducentes à conquista das justas reivindicações dos seus associados".
O Governo decidiu relançar a privatização da TAP perto do final de 2014, um processo que será concluído em meados de 2015 e que dividiu o protagonismo na empresa com as perturbações durante o verão e as greves.
Quase dois anos após ter decidido suspender a venda da companhia aérea e com o calendário apertado com a aproximação do final do mandato, o Executivo decidiu retomar o processo, mas desta vez com um modelo que prevê a alienação de um máximo de 66% do capital do grupo TAP, deixando para já o restante capital nas mãos do Estado.