Abusos sexuais. Simone Biles e mais 90 ginastas pedem mil milhões ao FBI

Nassar usou a sua posição como médico da federação de ginástica dos EUA para abusar de, pelo menos, 330 jovens ginastas, incluindo menores e atletas olímpicas. Cumpre uma pena de 40 a 175 anos pelo cúmulo desses crimes.
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Simone Biles lidera o grupo de 90 ginastas, incluindo as atletas Olímpicas Mckayla Maroney e Aly Raisman, bem como as ex-ginastas Samantha Roy e Kaylee Lorincz, que agora trabalha como defensora dos direitos sexuais, que estão a processar o FBI, por negligência na investigação sobre os abusos sexuais do antigo médico Larry Nassar. Segundo o New York Times, as queixosas pedem diferentes quantias de indemnização, sendo que o valor total das reivindicações ultrapassa os mil milhões de euros.

Um relatório interno do Departamento de Justiça norte-americano relevou, em julho do ano passado, erros graves na forma como o FBI conduziu todo o processo e que levaram a que a investigação ficasse parada mais de oito meses. Isso mesmo ficou registado num documento de 119 páginas, que serviu para um grupo de senadores avançar com uma audiência para investigar a resposta do FBI e para corrigir erros institucionais, onde o diretor do FBI, Christopher Wray, lamentou "que existam pessoas no FBI que tiveram a oportunidade de parar esse monstro em 2015 e falharam". O que, segundo ele, "é imperdoável".

Os agentes do FBI já sabiam em 2015 que Nassar estava a ser acusado de abusos, mas nenhuma investigação formal foi aberta, nem informaram as autoridades federais ou estaduais. O que significa que o médico continuou em liberdade e os abusos continuaram. "É hora de o FBI ser responsabilizado", disse Maggie Nichols, campeã nacional de Oklahoma em 2019. "Se o FBI tivesse simplesmente feito o seu trabalho, eles teriam prendido Nassar antes que ele tivesse a oportunidade de abusar de centenas de meninas, inclusive eu", desabafou Samantha Roy, ex-ginasta da Universidade de Michigan - entidade que pagou quase 500 milhões de euros em indemnizações.

Já em setembro de 2021, Simone Biles tinha apontado o dedo à federação de ginástica dos Estados Unidos, ao comité Olímpico e Paralímpico e a "todo o sistema" norte-americano por permitir que os abusos se tenham prolongado. Nassar usou a sua posição como médico para abusar de, pelo menos, 330 jovens ginastas, incluindo menores e atletas olímpicas. Cumpre uma pena de 40 a 175 anos pelo cúmulo desses crimes.

A condenação foi proferida em fevereiro de 2018 - quando o ex-médico já cumpria pena de 60 anos após ser denunciado por pornografia infantil em 2017 - e coincidiu com o início do movimento #MeToo nos Estados Unidos.

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