Silêncio que as guitarras vão cantar

O concelho de Oeiras recebe a partir de sexta-feira seis concertos de guitarristas, em tom intimista. A organização já fala na próxima edição de Soam as Guitarras.
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"Entre as criaturas de Deus, duas, o cão e a guitarra, tiveram todos os tamanhos e formas para não serem separados do homem." Andrés Segovia, o autor da frase, viveu numa época em que os animais de estimação não seriam abandonados. Mas ontem como hoje o instrumento de cordas mantém a relação de fascínio para com quem o toca e para quem o ouve. Para comprová-lo, se preciso fosse, está a primeira edição de Soam as Guitarras, que inicia na próxima sexta-feira.

São apenas meia dúzia de concertos - o que explicará o facto de a organização não usar a palavra "festival" -, os suficientes, porém, para espelhar a diversidade sonora do instrumento, bem como das abordagens artísticas. Em comum, a realização de "espetáculos intimistas em espaços pequenos, concertos únicos e inéditos", como preconiza Nuno Sampaio, da organização, a cargo da promotora Ghude e da Câmara Municipal de Oeiras.

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"Gostava de dar os parabéns pela ideia, porque estamos habituados a festivais específicos. Dentro das guitarras há várias especificidades e estilos, e isso às vezes limita alguns guitarristas que abrangem vários estilos, como é o meu caso. Este festival permite a guitarra, como instrumento disruptivo que é e sempre foi, em vários estilos de música, o que é muito bom", congratula-se Manuel de Oliveira. O vimaranense apresenta-se na Igreja da Cartuxa, em Caxias, no domingo (21.30, hora de todas as atuações). "Para este concerto, que é a solo, é sempre um desafio único porque é o concerto mais amador no verdadeiro sentido da palavra. Porque regresso ao início, de estar só com a guitarra, numa relação com o público muito próxima, e portanto aquilo que se espera é algo de muito artesanal e com muito espaço para a improvisação."

Mas é a Tó Trips que cabe o papel de executar o concerto inaugural (sexta-feira, Auditório Ruy de Carvalho, em Carnaxide). O guitarrista dos Dead Combo vai tocar temas do álbum Guitarra Makaka e de um maxi que gravou com o percussionista angolano João Doce, Sumba. "O meu espetáculo também é muito rítmico e houve um concerto em que convidei o João Doce. Correu bem e ficámos os dois."

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Também a dois se apresentam os tocadores da guitarra portuguesa. No dia 7, no Auditório Ruy de Carvalho, Marta Pereira da Costa parte à descoberta de outros territórios: "Vai ser um concerto totalmente diferente. Desafiei o Ricardo Toscano, que é um saxofonista, um músico do jazz. Temos adaptado o repertório à participação dele, temos temas novos que criámos para este concerto, vai ser um grande desafio para mim porque vou aventurar-me numa linguagem que não é a minha, mas estou cheia de vontade de mostrar em palco aquilo em que temos estado a trabalhar. No dia seguinte é a vez de António Chainho reeditar um cruzamento com a folk basca de Kepa Junkera (Auditório Eunice Muñoz). "O dueto que fizemos no São Carlos foi fascinante e espero que isso aconteça neste espetáculo, vai ser interessante. Vou tocar uma composição nova e de resto vou tocar um pouco de tudo dos meus álbuns", conta ao DN na conferência de imprensa que juntou alguns dos músicos e a organização na Igreja da Cartuxa. Nuno Sampaio adiantou que Miguel Araújo, com novo álbum na forja, vai apresentar-se no Auditório Eunice Muñoz (dia 1) tendo como única companhia várias guitarras, e que Joel Xavier vai fechar o ciclo na Cartuxa (dia 9) ao sabor da improvisação numa guitarra elétrica.

Para Nuno Sampaio, o "sonho tornado realidade" que é o Soam as Guitarras tem uma "margem de progressão muito grande". Tanta que espera trazer "artistas internacionais" ao concelho de Oeiras na próxima edição.

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