SIC lança hoje novela do autor-fétiche da Globo

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Lembra-se de Mulheres Apaixonadas (2003)? E de Laços de Família (2000), História de Amor (1995) e Por Amor (1997)? Em todas estas novelas brasileiras exibidas em Portugal, há vários pontos em comum: são todas da autoria de Manoel Carlos, histórias urbanas com uma forte componente social e campeãs de audiências. E há mais: em todas a personagem principal tem o mesmo nome, Helena, numa homenagem do autor à sua mãe.

É de Maneco (a forma carinhosa como os brasileiros tratam este autêntico campeão da teledramaturgia brasileira) a nova novela que a SIC estreia hoje em horário nobre. Páginas da Vida, lançada no Verão passado no lado de lá do Atlântico, chega a Portugal com o rasto das boas audiências e da polémica instalada.

Depois da troca de bebés em Por Amor, do drama da leucemia em Laços de Família e do alcolismo e violência em Mulheres Apaixonadas, não faltam questões fracturantes na nova novela da SIC. Porque a vida é assim mesmo, diz Manoel Carlos. "Páginas da Vida é um livro de histórias. Histórias de muitas vidas que se parecem com a vida que vivemos e vemos as pessoas viverem. Vidas que estão nos jornais, na televisão, na casa do vizinho, no parente distante, no amigo próximo ou ausente", diz o autor.

A inclusão social é um dos fios condutores da história. Tudo começa na gravidez de uma jovem que é atropelada em vésperas do parto. No hospital, os médicos não conseguem salvar a vida à mãe, mas resgatam com vida os gémeos, um deles portador da síndroma de Down, que será rejeitado pela avó.

"Abordámos este tema pelo lado que nos pareceu mais importante. A questão da inclusão e exclusão, da intolerância, o convívio com crianças portadoras de Down, o que se pode fazer para melhorar e um dia extirpar para sempre todos os preconceitos que cercam essas pessoas especiais, mas que podem e devem levar uma vida normal", explicou o autor aquando do lançamento da novela.

Este não é, porém, o único drama social da novela. Páginas da Vida terá também uma personagem seropositiva, que permitirá falar da sida e dos estigmas sociais a ela ligados, e ainda uma bailarina clássica bulímica, desesperada pelo culto do corpo, um tema actualíssimo na sociedade brasileira, depois dos recentes casos da morte de duas manequins brasileiras anorécticas.

O lado urbano é já um velho hábito nas novelas de Manoel Carlos. Uma vez mais, aliás, o autor escolheu o seu bairro do Rio de Janeiro, o Leblon, como cenário central da história. "Gosto de escrever sobre o lugar em que vivo. Gosto de pensar que as minhas personagens cruzam comigo nas ruas do bairro", explica. E foi por isso que o guionista decidiu incluir no fim de cada capítulo depoimentos reais de diversos anónimos sobre acontecimentos da vida, sejam casamento, amizade, divórcios, preconceitos ou sexo. Um deles, aliás, criou polémica, quando uma carioca de 68 anos falou dos seus orgasmos numa linguagem mais ousada. A Globo acabou por admitir o excesso, nas não evitou as críticas. As audiências, essas, parecem ter gostado. Depois de um início difícil, a média dos primeiros cinco meses de exibição no Brasil é a mais elevada dos últimos dez anos, com 48,6 pontos no Ibope (o equivalente às audiências portuguesas da Marktest), à frente de Belíssima (44), América (45) e Senhora do Destino (46).

Para isso muito contribuiu o valioso lote de actores, onde pontificam Regina Duarte (a sua terceira Helena numa obra de Manoel Carlos), José Mayer, Lília Cabral, Tarcísio Meira, Glória Menezes, Natália do Vale, Ana Paula Arósio, Edson Celulari, Sónia Braga, Leticia Sabatella, Marcos Caruso, entre outros. Que resposta darão os portugueses a esta constelação de estrelas?

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