O partido do primeiro-ministro Shinzo Abe, que governa em coligação com um partido mais pequeno, espera alargar a maioria de dois terços que detém atualmente na Câmara dos Representantes nas legislativas antecipadas que hoje decorrem no Japão, permanecendo assim no poder até 2021..A decisão do líder do Partido Liberal Democrata (PLD) foi tomada na sequência das eleições locais quando a sua formação perdeu o governo de Tóquio para Yuriko Koike ("reformista conservadora", como a própria se define, e antiga militante do PLD, tendo chegado a desempenhar funções num anterior governo do partido) e no rescaldo de uma sucessão de escândalos em que o PLD e o executivo, onde governa em conjunto com o partido budista Komeito, se viram envolvidos. A meta que Abe se propôs é arriscada: o PLD deve eleger mais do que os 288 deputados atuais ou, pelo menos, manter o número de eleitos. Qualquer outro resultado, a analisar igualmente com o desempenho eleitoral do Komeito, não deixará de parecer uma derrota..Abe conta, no entanto, com três importantes fatores a seu favor. Primeiro, a crise que levou à dissolução do Partido Democrático (PD, principal força da oposição), com parte dos seus elementos a aderirem ao Partido da Esperança (PE), fundado por Yuriko Koike, e outra a organizar-se numa outra formação. O resultado eleitoral do PE constitui, aliás, a grande incógnita do voto de hoje no Japão..O segundo fator que joga a favor de Abe é que as sondagens lhe voltaram a devolver uma alta taxa de aprovação, passadas as eleições locais, com 41% do eleitorado entre os 18 e os 29 a afirmar-se pronto a votar no PLD. A razão desta opção é o facto de o governo de Abe ter conseguido baixar a taxa de desemprego para 2,8%, o valor mais baixo dos últimos 23 anos, recordava ontem a Reuters. "O mais importante para os jovens é terem trabalho. E o Japão está a ir muito bem nesse sentido", explicou à mesma agência Naohiro Yashiro, da Universidade Feminina de Showa, em Tóquio..Terceiro e último fator favorável ao PLD e a Abe, além da crise na oposição e da conjuntura económica propícia, é a tensa conjuntura regional, com os disparos de mísseis balísticos e ensaios nucleares da Coreia do Norte. Neste ponto, Abe tem sabido cultivar uma imagem de firmeza e de protetor do país e dos seus habitantes. O comportamento do regime de Pyongyang tem-lhe também dado argumentos para avançar com a revisão da Constituição e, designadamente do artigo 9.º, cláusula pacifista considerada sem sentido por Abe. Se este mantiver ou reforçar a maioria atual, já anunciou a intenção de convocar um referendo para rever a Constituição..[artigo:8662884]