Sexta-feira há eclipse parcial do Sol, visível em Portugal. Se não chover

Visto do território português, incluindo as ilhas, 69% a 77% do Sol vai ficar tapado pela Lua. O fenómeno ocorre entre as 8.00 e as 10.00.
Publicado a
Atualizado a

O Sol nasce às 6.41 em ponto, mas pouco depois - uma hora e 18 minutos, mais precisamente - a luz há de, a pouco e pouco, começar a diminuir, até atingir uma intensidade mínima, por volta das nove da manhã. Na próxima sexta-feira há um eclipse solar total (na região do Ártico), que será visível como parcial em todo o território português, incluindo nas ilhas, no que é o primeiro grande eclipse solar parcial deste milénio visível no país. Isto se a meteorologia não estragar o espetáculo.

Os especialistas, entretanto, alertam para os riscos de uma observação direta do fenómeno, ou com óculos de sol, películas fotográficas ou vidros fumados, uma vez que isso pode causar graves danos nos olhos e levar à cegueira.

Nesta altura, as previsões meteorológicas apontam para céu nublado na maior parte do território português para a próxima sexta-feira e, se elas se concretizarem, pouco ou nada se verá do fenómeno, a não ser "uma perda de brilho das nuvens" durante os poucos minutos em que o eclipse atinge a grandeza máxima, por volta das 09.00, como explica ao DN o astrofísico Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL). Esta instituição promove duas observações do eclipse abertas ao público, uma no OAL, na Ajuda, e outra na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, "um sítio mais central, onde as pessoas a caminho do trabalho podem parar uns minutos para participar nas observações", nota Rui Agostinho. "Vamos ter telescópios e material próprio para fazer uma observação segura do eclipse", sublinha.

Com ou sem nuvens, a diminuição da luz do Sol será muito real, tanto nas zonas atravessadas pela sombra total, que de terra habitada apenas inclui as ilhas Faroé, 300 quilómetros a norte da Escócia, e o arquipélago norueguês de Svalbard, como nas regiões que verão o fenómeno como parcial, ou seja, quase toda a Europa.

Em Portugal, consoante a geografia, a grandeza do eclipse andará entre os 69%, no Algarve, e os 79%, nas ilhas Terceira e Faial, que ficam na latitude mais a norte. Visto a partir de Lisboa, o pedaço de Sol encoberto pela passagem da Lua vai chegar aos 73% e no Porto e noutras cidades nortenhas atingirá os 77%.

Se o céu estiver limpo, ou se houver boas abertas durante as duas horas de duração total do fenómeno, vai notar-se bem a diferença na luminosidade e até na temperatura ambiente, que "em vez de subir um pouco àquela hora tenderá a manter-se até às 10.00", adianta, por sua vez, o astrónomo Máximo Ferreira, diretor do Centro de Ciência Viva de Constância, que promove também duas iniciativas públicas de observação, uma em Constância, e outra na Covilhã, no Parque de Astronomia do Campus de Ciência da Quinta de Santa Iria, em Teixoso.

Fazer uma observação segura

Um eclipse solar ocorre quando a Lua, na sua dança celeste, se interpõe entre a Terra e o Sol. A feliz coincidência entre a dimensão do satélite natural da Terra e a distância a que ele se encontra do Sol é determinante. O Sol tem um diâmetro 400 vezes maior do que o da Lua e fica também 400 vezes mais distante da Terra do que ela. Resultado: vistos daqui, os seus diâmetros aparentes são aproximados. Por isso, quando a Lua, na sua órbita elíptica, está no ponto mais próximo da Terra e há um alinhamento perfeito entre os três astros, como agora, ocorre um eclipse total do Sol, visível apenas numa pequena faixa do planeta. Nas zonas adjacentes, ele é parcial.

Para observar o fenómeno, os especialistas recomendam proteção adequada, como os óculos com filtros próprios. Se os guardou dos últimos eclipses, é a agora a altura de os resgatar do fundo da gaveta, porque sem eles há risco sério de ficar cego. Se não, a alternativa é juntar-se às iniciativas preparadas em alguns pontos do país para fazer essa observação, porque desta vez, ao contrário do que aconteceu em 1999, em 2004 (por ocasião do trânsito de Vénus) ou em 2005, quando do eclipse anular visível em Portugal, não haverá distribuições gratuitas de óculos próprios para ver o eclipse.

"É importante fazer este alerta", sublinha Rui Agostinho, porque há muitas pessoas que ainda desconhecem os riscos. Há quem pense que bastam uns bons óculos de Sol, mas isso é totalmente errado", conclui o diretor do OAL.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt