A sétima de Messi só ameaçada pelo matador do Bayern
Após um ano de ausência devido ao contexto de pandemia, a Bola de Ouro entregue pela revista France Football está de volta e o vencedor de 2021 será conhecido ao início da noite de hoje (por volta das 20.30, apesar de a cerimónia começar uma hora antes), no Théâtre du Chatelet, em Paris. Lionel Messi venceu a última edição, em 2019, passou a somar seis distinções, e surge como o principal favorito, tendo como principal adversário Robert Lewandowski, avançado polaco do Bayern Munique. Cristiano Ronaldo, vencedor de cinco edições, desta vez poderá até ficar de fora do top 3.
E por que é que Messi é o favorito? Tem muito a ver com os critérios de escolha deste prémio, cuja responsabilidade está em 170 jornalistas de todo o mundo (o representante de Portugal é Joaquim Rita), que habitualmente privilegiam mais os troféus coletivos ganhos pelos jogadores ao serviço dos clubes e das seleções, do que propriamente os números a título individual, como golos e assistências. Daí que em alguns anos tenha existido alguma polémica com a atribuição do prémio.
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O craque argentino tem fortes argumentos para sair vencedor da gala desta noite. A começar pelo facto de ter ganho no verão a Copa América pela Argentina, o seu primeiro grande troféu pela seleção do seu país, prova na qual se sagrou igualmente o melhor jogador da competição e melhor marcador. Pelo Barcelona, apesar de ter falhado os dois troféus mais importantes (título de campeão e Champions), venceu ainda a Taça do Rei. Depois, tem ainda bons argumentos individuais na época 2020-21 - 44 golos e 17 assistências em 60 jogos. Foi também o melhor marcador da liga espanhola.
Messi, recorde-se, mudou-se em agosto do Barcelona para o PSG, clube onde tem tardado a afirmar-se, como o comprovam apenas quatro golos marcados até ao momento. Mas o registo no Barcelona e o triunfo na Copa América devem bastar para esta noite ser coroado. No dia 5 de novembro, a RTP avançou que o argentino seria o vencedor do prémio, revelando que Messi já teria até dado a entrevista da praxe à revista France Football, responsável pela atribuição do prémio.
A confirmar-se a vitória do argentino, permitir-lhe-á afastar-se de Cristiano Ronaldo, passando a somar sete Bolas de Ouro contra cinco do português (venceu as edições de 2008, 2013, 2014, 2016 e 2017). Ao contrário de outros anos, CR7, de 36 anos, desta vez não é apontado como favorito e pode até nem ficar no top 3. Isto porque em 2020-21 apenas venceu a Taça de Itália. Apesar disso, apresenta excelentes números individuais na temporada transata, com um total de 46 golos marcados em 58 jogos pelo clube e seleção nacional.
"O Cristiano merece a Bola de Ouro, este ano bateu recorde atrás de recorde", recordou recentemente Alex Ferguson, referindo-se, por exemplo, ao facto de CR7 se ter tornado no melhor marcador de sempre por seleções (passou o iraniano Ali Daei) e de ter sido também o melhor goleador do Euro2020 (cinco golos), apesar de Portugal se ter despedido cedo da prova. Argumentos, porém, que não devem bastar para convencer os jurados.
À partida, o grande concorrente de Messi será Robert Lewandowski, o avançado polaco do Bayern Munique que em janeiro foi coroado com o troféu The Best, da FIFA, um prémio semelhante à Bola de Ouro mas com a chancela do organismo que tutela o futebol mundial, votado por selecionadores, capitães de seleções e pelo público em geral.
O internacional polaco, de 33 anos, é uma autêntica máquina de fazer golos (ninguém se equipara a ele na Europa) e tem também troféus para exibir. Na época passada, pelo Bayern Munique, venceu o campeonato alemão, o Mundial de Clubes e a Supertaça da Alemanha. Depois, individualmente, os números são estratosféricos - marcou 48 golos em 40 jogos. Nesta temporada, com a época ainda a meio, já vai em 30 golos. Razões de sobra para poder rivalizar com Messi, embora lhe falte um título grande a nível de seleção.
Na lista de nomeados há ainda mais nomes a ter em conta. Logo à partida Jorginho, o italo-brasileiro do Chelsea que tem como forte argumento o facto de ter ganho na época passada o título de campeão europeu de seleções pela Itália e a Liga dos Campeões pelo Chelsea, facto que costuma ser muito levado em conta pelos jornalistas que decidem a Bola de Ouro, apesar de não poder ser considerado um protagonista. O médio Jorginho, de 29 anos, mudou-se muito cedo para o futebol italiano. E como nunca foi chamado à seleção brasileira, em 2017 optou por jogar pela Itália.
Há depois vários jogadores que surgem numa segunda linha mas que são candidatos a estar no top 3. São os casos de Benzema, avançado francês do Real Madrid, que marcou muitos golos e venceu a Liga das Nações pela seleção francesa; o egípcio Mohamed Salah, do Liverpool, e Kevin de Bruyne, uma das figuras do Manchester City de Pep Guardiola e da seleção belga.
Refira-se que nos 30 nomeados (esta lista é elaborada pelos jornalistas da France Football e é daqui que depois os jornalistas de todo o mundo votam nos melhores) figuram três portugueses. Além de Cristiano Ronaldo, estão Rúben Dias, central ex-Benfica que fez uma época notável na Premier League pelo campeão Manchester City, e ainda Bruno Fernandes, figura do Manchester United antes de Ronaldo chegar no verão.
CR7 e Messi foram nomeados pela 17.ª e 15ª vez, respetivamente. Na lista de 30 jogadores, metade são finalistas pela primeira vez.
Mas esta noite há mais prémios em jogo além do melhor jogador do Mundo. Um deles é o troféu Yashine, que coroa o melhor guarda-redes e os nomeados são Thibaut Courtois (Real Madrid), Donnarumma (AC Milan, PSG), Ederson (Manchester City), Handanovic (Inter Milão), Emiliano Martinez (Aston Villa), Mendy (Chelsea), Keylor Navas (PSG), Neuer (Bayern Munique), Oblak (Atlético Madrid) e Kasper Schmeichel (Leicester).
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Outra distinção vai premiar o melhor jogador jovem, com menos de 21 anos. E entre os candidatos está um português, o jovem lateral Nuno Mendes, que no defeso protagonizou uma das transferências da temporada, ao trocar o Sporting pelo PSG. Os nomeados são: Jude Bellingham (B. Dortmund), Jérémy Doku (Rennes), Ryan Gravenberch (Ajax), Mason Greenwood (Manchester United), Nuno Mendes (PSG), Jamal Musiala (Bayern Munique), Pedri (Barcelona), Giovanni Reyna (B. Dortmund), Bukayo Saka (Arsenal) e Florian Wirtz (B. Leverkusen).
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Será também entregue a Bola de Ouro à melhor jogadora de futebol feminino. Há 20 nomeadas, entre elas dez são das equipas que jogaram a f inal da Champions - cinco do campeão Barcelona e outras cinco do Chelsea. A espanhola Alexia Putellas, que conquistou a Liga dos Campeões pelo clube catalão, é considerada a principal candidata.
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A versão feminina da Bola de Ouro foi criada em 2018, e a primeira vencedora foi a norueguesa Ada Hegerberg, do Lyon. No ano seguinte, a norte-americana Megan Rapinoe, do OL Reign, foi a vencedora.