Sete anos contra a Praça do Império

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Surpreendido com a notícia de um projeto para o Jardim da Praça do Império, cuja recuperação o vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, pretendia empreender apagando os brasões ali representados - de antigas colónias mas também das capitais de distrito do país - e alisando o espaço com relva, António Costa pediu esclarecimentos e ordenou que o assunto fosse apresentado e discutido em reunião de câmara.

O debate marcou o verão de 2014, mas, com Costa, então presidente da Câmara de Lisboa, e os seus antecessores Pedro Santana Lopes, Carmona Rodrigues e João Soares no coro de opositores, a reforma ficou adormecida. Não se tocou no jardim - nem se arranjaram caminhos e bancos nem coisa nenhuma teve intervenção à exceção da fonte, que já funciona tecnicamente mas que se mantém quase sempre desligada.

Foi já com Fernando Medina à frente da autarquia que Sá Fernandes conseguiu apoio para avançar, mesmo contra o presidente da Junta de Belém e contra o resto dos deputados municipais, fazendo aprovar um concurso de ideias sem os brasões florais, do qual saiu um projeto que o então ministro da Cultura, João Soares, dizia ser "um disparate", porque "a história tem de ser assumida sem complexos".

Uma vez mais, o tema adormeceu ao som de petições e polémica, mas apenas por mais uns anos. E pela terceira vez em sete anos, desperta o projeto - agora respaldado pelo primeiro presidente da Câmara de Lisboa que lhe dá apoio -, defendendo-se o desaparecimento dos brasões no restauro da Praça do Império, porque já só existem no grau de fraco pormenor que o buxo permite (a solução floral ficaria demasiado cara e só durou meia dúzia de anos), porque se perderam os moldes há muito, porque toda a obra está parada e a praça foi-se degradando devido a estes engulhos.

Mas quem perdeu os moldes? Quem devia ter garantido que a praça não se degradava? A quem cabia manter, ainda que só em buxo, as armas de Portugal ali homenageadas? E porque não terá a manutenção dos brasões despertado nenhuma questão a qualquer dos anteriores autarcas de Lisboa? Resta a esperança de um dia termos resposta.

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