Sessions demite-se a pedido de Trump
Depois de meses de tensão, Jeff Sessions demitiu-se do cargo de procurador-geral dos EUA, a pedido de Trump, segundo uma carta assinada por si e que foi divulgada pelos media norte-americanos.
"A seu pedido, apresento a minha demissão", começa por dizer a missiva, na qual sublinha o orgulho que teve em servir o seu país no Departamento da Justiça. E enumera os feitos do seu mandato, desde "o maior número de processos contra criminosos violentos e armados da história do país" ao combate aos "gangues transnacionais que traziam a morte além fronteiras" e o "endurecimento [das regras relativas] à imigração". No final agradece: "Obrigado pela oportunidade, Sr. Presidente".
O presidente norte-americano, através do Twitter, já anunciou que o substituto, de forma interina, será Matthew G. Whitaker.
"Anunciamos com grande prazer que Mathew G. Whitaker, chefe de gabinete de Jeff Sessions no Departamento de Justiça, será o novo procurador-geral interino dos EUA. Servirá bem o país. Agradecemos ao procurador-geral Jeff Sessions pelo seu trabalho. Desejamos-lhe o melhor! Um substituto permanente será anunciado depois", escreveu Tump, em dois Tweets.
Numa entrevista, em setembro, o presidente cujo partido perdeu o controlo da câmara dos Representantes nas intercalares criticou Sessions. Donald Trump parece não ter perdoado a Jeff Sessions o facto de este ter recusado, em março do ano passado, liderar a investigação à alegada interferência russa nas eleições presidenciais de 2016. Após a recusa de Sessions, a investigação foi entregue ao procurador-geral adjunto, Rod Rosenstein, que designou o procurador especial Robert Mueller para liderar a mesma depois de Trump ter demitido James Comey do cargo de diretor do FBI.
"Não tenho procurador-geral. É muito triste", disse Trump em entrevista gravada em vídeo ao The Hill, que decorreu na Sala Oval da Casa Branca. Nas declarações que fez, o presidente, que nomeou Sessions logo a seguir à sua eleição, disse que o seu descontentamento com o procurador-geral vai muito para além daquele tema. "Não estou satisfeito no que toca às questões da fronteira, com muitas outras coisas, não só com isto".
O republicano, que segundo o livro de Bob Woodward se refere a Sessions como "atrasado mental" ou "sulista imbecil", lança dúvidas sobre as reais capacidades do procurador-geral para ocupar o cargo em que está. "Estou tão triste com Jeff Sessions porque ele veio ter comigo. Foi o primeiro senador a apoiar-me. Queria era ser procurador-geral. E eu não vi isso. Depois passou pelo processo de nomeação de forma muito pobre. Quero dizer, confundiu tudo, misturou tudo, deu respostas muito confusas. Respostas que, supostamente, podiam ser facilmente dadas. E isso foi difícil para ele".