Sérvia elege presidente: do PM pró-Rússia ao humorista universitário
Entre a promessa de adesão à UE e uma maior aproximação do atual governo ao regime russo, quase sete milhões de eleitores sérvios vão hoje às urnas para escolher o seu novo presidente.
A opção é entre 11 candidatos, que vão do atual primeiro-ministro do país, Aleksandar Vucic, até ao humorista universitário Luka Maksimovic - Beli -, passando pelo ex-rival de António Guterres na corrida a secretário-geral das Nações Unidas Vuk Jeremic e pelo nacionalista Vojislav Seselj, que chegou a estar preso em Haia no Tribunal Penal Internacional para a Ex-Jugoslávia.
Vucic, de 47 anos, surge como favorito nas sondagens, com 53%, mas falta ver se conseguirá votos suficientes para evitar uma segunda volta no próximo dia 16. O maior obstáculo no caminho do chefe do governo é Beli, personagem política de Maksimovic, que, graças ao apoio dos jovens, surge em segundo lugar nas sondagens, recolhendo 11%.
Beli, de 25 anos, criou em 2016, com outros humoristas, o grupo político Sarmu probo nisi, que era suposto ser uma brincadeira, mas que acabou por conseguir 20% numas eleições locais. Estudante de Comunicação, oriundo de uma zona fabril dos arredores de Belgrado, Mladenovac, Beli surge vestido de branco e com um carrapito a lembrar os samurais. As suas promessas parecem anedotas.
"Eu sou o tipo vestido de branco que troca as suas crenças por vantagens políticas", diz, para logo em seguida prometer: "Não haverá corrupção, excluindo a minha, como é óbvio. Por favor, mandem todo o vosso dinheiro diretamente para os meus bolsos." Segundo a Transparency International, os níveis de corrupção na Sérvia têm vindo a minar a confiança dos eleitores nos políticos.
O caminho para a UE (a Sérvia é candidata à adesão desde 2012) parece ainda longo. E a retórica do primeiro-ministro tanto oscila entre a harmonização com a UE e a aproximação à Rússia. Ainda nesta semana Vucic foi a Moscovo visitar Vladimir Putin. A recusa sérvia em aceitar a independência do Kosovo também não tem ajudado o processo de adesão a avançar.
Mas, nesta disputa, tanto a visão pró-europeia como a visão nacionalista da Sérvia têm vários outros representantes. Vuk Jeremic, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, de 41 anos, foi um dos rivais de Guterres na corrida à ONU. É um reputado diplomata e defensor da adesão da Sérvia à UE. Vojislav Seselj, de 62 anos, líder do ultranacionalista Partido Radical Sérvio, ex-preso do TPI em Haia, é partidário do regresso da Rússia aos Balcãs. Algo que, disse recentemente, "ninguém conseguirá impedir". O difícil equilíbrio entre o Ocidente e a Rússia é, sem dúvida, um dos grandes desafios de quem vencer as presidenciais de hoje na Sérvia.