Sergio Moro mostra mensagens que comprometem Bolsonaro

Presidente da República pressionou por substituição do diretor geral da polícia ao saber que 12 deputados aliados seus estão sob investigação judicial. E foi uma dessas deputadas que propôs ao ex-ministro uma vaga no Supremo caso ele aceitasse um amigo do clã presidencial na polícia
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Sergio Moro mostrou na madrugada deste sábado uma mensagem em que prova que Jair Bolsonaro pressionou mesmo pela troca do diretor geral da polícia federal Maurício Valeixo.

Na conversa, o presidente mandou um link de uma reportagem do site ​​​​​​O Antagonista a Moro, onde se lia que a a polícia federal estaria "na cola de 12 ou 10 deputados bolsonaristas". E acrescenta: "Mais um motivo para a troca".

Moro então responde que o então ainda diretor, Mauricio Valeixo, não pediu a investigação e que o inquérito - provavelmente sobre a autoria e financiamento de uma manifestação contra a democracia em que Bolsonaro discursou - é conduzido por um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF).

A mensagem, foi revelada pelo Jornal Nacional (da TV Globo), o espaço jornalístico de maior audiência na televisão do Brasil.

E confirma as acusações de Moro a Bolsonaro horas antes, num discurso no ministério da justiça em que afirmou que sofreu pressão política pela troca no comando da polícia federal. O presidente, em discurso posterior, negara.

Nesse mesmo discurso, Bolsonaro disse também que Moro concordou com a troca na polícia federal desde que fosse compensado com uma indicação para o STF em novembro.

Sobre essa acusação, Moro mostrou troca de mensagens com a deputada federal Carla Zambelli, muito próxima de Bolsonaro, para provar que não fez nenhuma exigência - pelo contrário, foi essa deputada quem propôs o "negócio".

A parlamentar pede insistentemente ao ex-ministro para que aceite a troca que Bolsonaro queria impor - saída de Valeixo e entrada de Alexandre Ramagem para a chefia da polícia. E garante-lhe que faria de tudo para lhe garantir vaga no STF.

"Eu me comprometo a ajudar, fazer JB [Jair Bolsonaro] prometer", diz ela.

Moro responde: "Não estou à venda".

Ramagem, entretanto, deve ser o escolhido, de facto, por Bolsonaro - ele é amigo do clã Bolsonaro. O senador Flávio e o vereador Carlos, os dois filhos mais velhos do presidente, estão a ser investigados pela polícia.

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