Sérgio aposta num onze e apresenta-se com goleada
O FC Porto venceu 4-0 o Deportivo da Corunha no jogo de apresentação aos sócios que, como é habitual, esgotaram a lotação e gostaram do que viram. Aboubakar marcou os dois primeiros e na segunda parte Corona fez o terceiro e Marega o quarto, ou seja, golos de avançados para lançar a época, uma goleada que não tem sido costume nestes jogos mas que é fruto da insistência do treinador no mesmo onze.
Não houve surpresas na apresentação do plantel, só as caras conhecidas, embora ainda vá haver entradas e saídas. Óliver herdou o 10 de André Silva e o número é um sinal para um jogador que tem de melhorar muito em relação ao ano passado. Aboubakar fica com o 9 que era de Depoitre, o que também é interessante - ontem voltou a fazer boa dupla com Soares.
Sérgio Conceição tem um objetivo, que é encontrar a sua equipa o mais rapidamente possível. E por isso voltou a apostar no onze que tem sido mais habitual. Em 4-4-2 e com grande capacidade de pressão alta (mesmo que nem sempre muito organizada), porque essa é já uma das imagens de marca da equipa. O golo de Corona é um exemplo daquilo que a equipa faz bem já bastantes vezes, porque há uma atitude virada para isso.
Como sempre nestes jogos, a minha chave de avaliação é sempre muito mais a primeira parte, quando as equipas estão estruturadas. E aí o FC Porto fez meia hora muito boa, nem tanto no último quarto de hora porque a proposta de jogo é exigente, física e mentalmente falando, porque obriga os jogadores a grande atenção. E isso paga-se nesta fase. A equipa foi capaz de dominar, de ser forte e também de ser simples e direta na forma de chegar à área contrária. Boas indicações, sim, partindo de um sistema defensivo diferente do de Nuno Espírito Santo, que protegia muito os defesas. Neste, Marcano e Felipe jogam bem mais longe da sua baliza, o que obriga a outras exigências e exposição ao adversário. Isto para que a equipa chegue com muito mais gente à área adversária.
O FC Porto marcou cedo - algo que tem acontecido com regularidade nesta pré-época e não por acaso. A equipa aposta muito em entrar forte, algo que não era habitual nos últimos anos e que fazia falta. Sobretudo pensando na I Liga, onde muita coisa depende, muitas vezes, do primeiro golo.
A equipa abriu cedo as hostilidades. Aos 10" canto curto, cruzamento de Corona e Felipe de cabeça a obrigar Rúben a boa defesa; aos 12" marcou Aboubakar, depois de bela jogada coletiva e envolvente na esquerda, entendimento Brahimi-Óliver-Brahimi, o argelino rematou e Corona emendou ao poste, enquanto o camaronês recargou, à segunda, para a baliza.
O Depor, no seu nono jogo de preparação, apareceu com o lateral esquerdo Luisinho, um português, a capitão de equipa - não é muito habitual. O treinador Pepe Mel, que conseguiu salvar a equipa da descida, viu o Depor responder bem no último quarto de hora da primeira parte, em que esteve várias vezes perto do empate, nomeadamente pelo português Bruno Gama, antes de Aboubakar fazer o segundo mesmo antes do intervalo, emendando centro de Corona.
O mexicano e Brahimi são as fontes de jogo, com Óliver, sendo certo que houve um elemento claramente abaixo do que se lhe conhece - Danilo. Muitas coisas lhe saíram mal e veio ao de cima a solidariedade da equipa, um ponto forte que vem da época passada mas desenvolvido no que já se viu este ano.
Com 2-0 ao intervalo, o jogo foi menos interessante na segunda parte, em que o Depor teve períodos bons, em que fez sofrer o FC Porto, ainda que tenha sido Corona a fazer o terceiro golo, na tal pressão alta que permitiu ao mexicano isolar-se e marcar de pé esquerdo. Como marcou o quarto, por Marega, também ao obrigar a erros da defesa galega. Com tantas substituiçoões não se pode pedir muito mais à equipa num jogo com uma formação espanhola que, como é habitual em La Liga, ataca melhor do que defende.