Ser professor
O Governo abre a licenciados pós-Bolonha (2006) sem formação pedagógica hipótese de ensinar, depois recuou e tem que ter mestrado, que não deixa de ser uma licenciatura pré-Bolonha.
Andaram durante anos e anos a maltratar os professores, vai daí, começou a haver falta de professores, pois ninguém queria ser docente.
Agora, resolve-se o problema da falta de professores, qualquer licenciado pode dar aulas!
E, a qualidade do ensino? E, a componente pedagógica tão importante na sala de aula?
Parece que estamos a andar para trás, em que no século passado qualquer um podia ser professor com o 12.º ano ou umas cadeiras da universidade podia dar aulas.
Os professores são uma classe sem prestígio e respeitabilidade. É preciso que se perceba que ter conhecimentos, não é o mesmo que saber ensinar!
Todos os obstáculos que se puseram aos professores: concursos em que tinham que ir para longe de casa; poderem efetivar-se; não saberem se no ano seguinte teriam emprego; não terem acesso a um horário completo; exercerem no meio de papéis e normas, em vez, de ensinarem; bloqueio da carreira; não contagem do tempo de serviço; fama que faltam muito; entre outros.
Tudo isto, levou a que ninguém quisesse ser professor e os que estão no ensino estão à espera desesperados que chegue a reforma.
A imagem dos professores sempre foi muito má, os políticos em período eleitoral lançam uns elogios hipócritas, mas não passa disso. Sabem que é uma classe muito numerosa e com alguma força.
A imagem dos professores também passa por quem os representa. Mário Nogueira da FENPROF, toda a gente sabe que é comunista, mas defendeu sempre em primeiro lugar os professores e é das pessoas em Portugal que mais sabe da problemática docente. João Dias da Silva da FNE é social-democrata, sereno e comedido, mas sempre defendeu os professores.
Porém, existe a ANDAEP (Associação Nacional de Diretores de Agrupamento e Escolas Públicas), o seu responsável Filinto Lima, também é diretor da EB 23 Teixeira Lopes e acumula com presidente de junta da freguesia de Oliveira do Douro eleito nas listas do PS.
José Manuel Ascenção presidente da CONFAP (Confederação Nacional das Associações de Pais) foi candidato do PSD à Câmara de Gondomar e é vereador.
Um dos graves problemas dos professores, e o que a eles diz respeito é a falta de independência de quem os representa, outra é haver entidades a mais a começar por haver sindicatos a mais.
Já passaram pelo ministério muitos governantes incompetentes e nada lhes aconteceu que mudam as regras do jogo a seu bel-prazer. Não existe em Portugal desígnios nacionais, o mais importante deveria ser o da educação.
Não é aceitável que uma escola seja dirigida, como uma empresa, com planos meritocráticos. Uma escola não é um armazém, é um local que lida com alunos, pais, docentes e não docentes com as suas idiossincrasias.
Infelizmente em Portugal, os inúmeros Ministros da Educação nunca deram aulas no ensino secundário. Não sabem do que falam nem têm experiência in loco da panóplia de problemas de uma escola.
A primeira coisa, que um governo deveria fazer, seria criar o Ministério do Ensino Secundário que englobasse todos os graus de ensino: pré-primário, primário, preparatório e secundário. Esse ministério tivesse na tutela um Ministro que tivesse sido professor numa escola.
Não há respeito pela função dos professores, pelo seu trabalho individual. Ainda, há gente que em Portugal pensa que um professor só dá aulas!
Esquecem-se que há todo um trabalho burocrático de bradar aos céus, desde atas, relatórios, dossiers de turma, instrução de processos disciplinares, preenchimento de inquéritos, grelhas e plataformas, arquivos de documentação, preparação de aulas, correção de testes, vigilâncias de exames, entre outros.
Os professores continuam com inúmeros problemas; aspetos importantes da aposentação; horários de trabalho e concursos; processo de municipalização da educação; democratização da gestão das escolas.
Tem havido dinheiro para tudo. Para a educação não sei porquê é complicado haver? A educação e os professores sempre foram os parentes pobres de qualquer governo.
Mas convém não esquecer que os professores são o pronto-socorro da sociedade.
*Fundador do Clube dos Pensadores