"Ser n.º 8 do mundo é fantástico, era um objetivo de vida"

Tenista sul-africano é o cabeça-de-série no Estoril Open. Aos 31 anos, Kevin Anderson vive o melhor momento da carreira e contou ao DN como é estar no top 10 e como aqui chegou. O gigante do circuito ATP entra hoje em ação, frente a Stefanos Tsitsipas.
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Kevin, mais uma presença no Estoril Open. O que recorda do torneio e quais as suas expectativas para esta edição?

É o meu primeiro torneio em terra batido neste ano, por isso adoraria ter um bom desempenho no Estoril Open. É bom regressar, ainda mais como top 10, e as expectativas são muito elevadas. Gostei muito de jogar este torneio no passado, é um sítio espetacular, a costa de Portugal é muito bonita...

Teve alguns problemas físicos e desistiu em Houston e Barcelona...

Joguei muitos jogos nos primeiros meses do ano e o meu corpo acusou o esforço. Por isso decidi parar algumas semanas e tratar as dores que sentia um pouco pelo corpo todo. Trabalhei no duro para recuperar, agora sinto-me bem, em forma e pronto para competir.

Vai começar hoje frente a Stefanos Tsitsipas. Qual seria o adversário a evitar em Portugal?

Os portugueses [risos]. É sempre um desafio complicado jogar frente aos tenistas de casa, porque têm sempre o apoio e o entusiasmo das bancadas. Mas eu tento sempre focar-me no meu próprio jogo e competir da melhor maneira possível seja contra quem for. Agora é o Tsitsipas.

Como é ser número oito do ranking?

É fantástico. Era um objetivo de vida. Sempre pensei em alcançar este nível, pertencer ao top 10, e acredito que ainda posso subir mais umas posições, é para isso que continuarei a trabalhar. Não há grandes segredos, apenas o trabalho duro que fiz ao longo dos últimos anos. Fiz uma boa pré-temporada e comecei muito bem a época. Hoje consigo perceber melhor o tipo de ténis que tenho de praticar para ser bem-sucedido em cada situação.

Apesar de ser um top 10, parece passar despercebido por entre os grandes nomes. Sente que por vezes não lhe dão o valor que merece?

Ser finalista de um Grand Slam e top 10 tem sido uma experiência interessante. Era um sonho e eu tento desfrutar ao máximo. No ténis, és tu que constróis o teu ranking ao longo do ano e os resultados falam por si. Espero que as pessoas reconheçam e apreciem o trabalho e os sacrifícios que fiz para alcançar a classificação atual, assim como o fariam com qualquer jogador de primeira linha.

Aos 31 anos vive o seu melhor momento. O Nadal [31] e o Federer [36] estão de volta ao topo depois dos 30. Qual a explicação para a longevidade?

É verdade que aos 31 anos estou a jogar algum do meu melhor ténis. Muitos jogadores, incluindo eu, o Roger e o Rafa, estabeleceram como prioridades a aptidão física e as terapias que permitiram uma maior longevidade nas carreiras. Eu dou muita importância aos meus fisioterapeutas, incluindo o Carlos Costa [português], e por isso mantenho-me em tão boa condição física. Talvez também tenhamos um amor tão grande e profundo pelo jogo que queremos competir a este nível o máximo de tempo que o nosso físico permitir.

É vice-presidente da Associação dos Tenistas Profissionais. O que mais o preocupa no ténis atual? As apostas e os jogos combinados?

Acabar com a manipulação de resultados e apostas no ténis é algo que os jogadores do circuito levam muito a sério. Eu acredito e quero um ténis limpo. Nesse campo contamos com a ajuda da Unidade de Integridade, que trabalha para manter os profissionais alerta. Por isso defendemos que os jogadores devem receber os valores justos para não haver a tentação de ir por esse caminho. Essa é a nossa luta.

O que mais o apaixona no ténis?

É incrível poder trabalhar duro todos os dias em algo que se ama e ver os resultados do esforço no court. O ténis é recompensador nesse aspeto. Tem sido maravilhoso inspirar jovens, especialmente da minha terra natal, África do Sul, poder ser um modelo, mostrar e ensinar-lhes o caminho para o sucesso, essa é uma das partes mais agradáveis.

Foi por isso que criou o Realife Tennis [plataforma de treino online]?

Também. Cresci na África do Sul sem acesso ao conhecimento dos tenistas profissionais. Eu queria poder partilhar algumas das coisas que aprendi com os que aspiram a ser jogadores. Disponibilizá-lo online é uma ótima maneira para os jogadores poderem melhorar o seu nível de jogo, quer estejam nos EUA, em Portugal ou na África do Sul.

Mede 2,03 metros, é o mais alto do circuito. A altura ajuda ou prejudica?

Há muitas maneiras de olhar para a minha altura e ver que é uma grande vantagem no ténis atual. Trabalhei muito para maximizar e jogar com os meus pontos fortes, saber potenciar as minhas principais armas e compensar os desafios de ser tão alto. Penso que o consegui e prevejo que haverá mais jogadores altos a chegar ao topo.

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