Sentença das agressões a Leonor Cipriano lida 6.ª feira
Passados oito meses desde a data de início do julgamento - a 27 de Outubro de 2008 - vai conhecer-se na 14.ª sessão de julgamento se os cinco inspectores e ex-inspectores da Polícia Judiciária (PJ) são absolvidos ou condenados pelo tribunal de júri.
O processo das alegadas agressões a Leonor Cipriano por inspectores da PJ está relacionado com o denominado "caso Joana", que remonta a 12 de Setembro de 2004, dia em que a menina, de oito anos, desapareceu da aldeia de Figueira, Portimão, no Algarve.
As acusações do Ministério Público contra cinco inspectores e ex-inspectores da Judiciária surgiram na sequência dos interrogatórios na PJ de Faro em 2004, altura em que Leonor terá aparecido com lesões na cara e no corpo no Estabelecimento Prisional de Odemira, onde estava em prisão preventiva.
Três inspectores são acusados de crime de tortura, um é acusado de crime de falso testemunho e de omissão de denúncia e um quinto é acusado do crime de falsificação de documento.
Três dos arguidos no processo são Pereira Cristóvão, que esteve ligado à captura dos "gangs" da CREL e Multibanco II e que escreveu o livro "A Estrela de Joana", Leonel Marques, que investigou casos de terrorismo como as FP25 e Brigadas Revolucionárias, e Paulo Marques Bom, um dos principais investigadores do "caso Passerelle".
Um quarto inspector, Nunes Cardoso, trabalhava no combate ao banditismo em Lisboa quando foi destacado para o "caso Joana".
O quinto arguido neste processo é Gonçalo Amaral, ex-coordenador do Departamento de Investigação Criminal da PJ de Portimão e que coordenou inicialmente a investigação ao desaparecimento em Maio de 2007 da menina inglesa Madeleine McCann no Algarve, mas reformou-se, entretanto, da Judiciária.
A mãe de Joana, Leonor Cipriano, e o tio, João Cipriano (ambos irmãos), estão condenados pelo Supremo Tribunal de Justiça a 16 anos de prisão cada um, pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver da criança.
Em declarações à Agência Lusa, o advogado de Gonçalo Amaral, António Cabrita, só pede que o colectivo de juízes "faça justiça" na próxima sexta-feira.
Caso os arguidos sejam absolvidos, o Ministério Público ou os assistentes podem recorrer, respectivamente, junto do Supremo Tribunal de Justiça ou do Tribunal da Relação.
Há quatro dias, o advogado de Leonor Cipriano, Aragão Correia, pediu a abertura de novo inquérito no "caso Joana" e a absolvição da mãe da menina, depois de João Cipriano ter confessado por escrito que tentou vender a criança.