Senadores votam continuidade de Aécio no cargo

Afastado do mandato de senador e impedido de sair de casa à noite pelo Supremo, ex-candidato presidencial recupera direitos graças aos seus pares
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O plenário do Senado Federal rejeitou, por 44 votos a 26, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que afastava do cargo o senador Aécio Neves, além de lhe restringir saídas noturnas e o uso do passaporte. Para anular a decisão do STF eram necessários 41 votos favoráveis ao candidato presidencial pelo PSDB em 2014.

A votação surgiu após controversa discussão sobre competências entre a câmara alta do Congresso Nacional e a suprema corte do Brasil. Afinal, após encontros entre os líderes das duas instituições, a juíza Carmen Lúcia e o senador Eunício Oliveira, do PMDB, e uma reunião do plenário do STF definiu-se que a decisão sobre a perda de mandatos de senadores pertence ao poder legislativo.

Aécio, que fora afastado na sequência de um telefonema divulgado em maio para o empresário hoje detido Joesley Batista, onde pedia dois milhões de reais, afirmou-se "sereno" após "uma decisão que restabeleceu princípios essenciais de um Estado democrático".

Para a vitória de Aécio contribuiu, segundo a oposição, o espírito corporativo da maioria dos senadores: dos 44 que votaram a favor, 18 são investigados na Operação Lava-Jato e podem, a qualquer momento, passar por situação semelhantes à do senador do PSDB. "O corporativismo instalado estabelece como regra a defesa dos seus integrantes e não da casa como um todo, estamos na contramão do desejo da sociedade brasileira", disse o senador Álvaro Dias, do PODEMOS.

Por outro lado, a ajuda do PMDB, maior partido na câmara alta, também foi considerada decisiva: o seu presidente, senador Romero Jucá, abandonou mesmo o hospital para, ainda convalescente, votar por Aécio, até porque o PMDB, a que pertence Michel Temer, espera retribuição do PSDB quando na câmara for votada denúncia contra o presidente. "A operação que salvou Aécio foi coordenada pessoalmente por Temer", escreve a colunista do Globo Andréia Sadi.

Um ala do PSDB, no entanto, pede o afastamento definitivo de Aécio da presidência - neste momento ele partilha a liderança com Tasso Jereissati - para não contagiar o partido que deve apresentar Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, ou João Dória, prefeito de São Paulo, como candidato presidencial.

São Paulo

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