Semedo faz surpresa, emociona Marisa e previne para o perigo chamado Marcelo

Após mais de um ano sem intervenções públicas, ex-líder do BE surpreende toda a gente. "Um dos maiores atos de amor", classifica a candidata
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Foi José Manuel Pureza quem anunciou a surpresa e chamou João Semedo ao palco. Espanto total no Pavilhão Centro de Portugal, em Coimbra, onde o ex-coordenador do BE fez a primeira intervenção pública desde que um cancro nas cordas vocais lhe chegou a retirar a voz. O ex-líder bloquista fê-lo por Marisa Matias - que classificou a ação que emocionou a maioria dos presentes como "um dos maiores atos de amor" a que assistiu na política - e ainda gracejou: "Só a Marisa é que punha aqui a falar um tipo sem cordas vocais..."

Apesar disso, Semedo foi muito incisivo nos ataques a Marcelo Rebelo de Sousa e pediu à candidata que apoia que o vença "duas vezes". "A primeira, na primeira volta, obrigando-o a uma segunda volta. E a segunda, na segunda volta, obrigando-o a ficar em casa", atirou, muito aplaudido por todos os presentes.

Os remoques, esses, foram uma constante ao longo de todo o discurso. "Marcelo em Belém é para mudar o sistema, é para mudar o regime, para conspirar, para presidencializar o sistema e o regime para que Belém passe a ser aquilo que não é, passe a ser o centro da política portuguesa", alertou o homem que partilhou a liderança do Bloco com Catarina Martins depois da saída de Francisco Louçã.

E até Marcelo Caetano e Ricardo Salgado estiveram presentes na intervenção. "Ninguém escolhe o pai ou a mãe. Marcelo não tem culpa de ter tido o pai apoiante do fascista Salazar mas também é verdade que a culpa de Marcelo ter sido apoiante do fascista Marcelo Caetano não é do pai de Marcelo", asseverou.

De acordo com o ex-dirigente bloquista, o candidato recomendado por PSD e CDS procurará, a partir do Palácio de Belém, criar um "regime de presidente destinado a reconstruir um novo bloco social e político, capaz de salvar a elite que tem dominado o país". Elite, essa, continuou, que verá no professor "uma tábua de salvação, uma boia". "São tias e tios à beira de um ataque de nervos", disse de forma sarcástica.

"Não haja qualquer ilusão. Se chegar a Belém, Marcelo não vai dar notas aos ministros e aos deputados, não vai entreter os nossos serões televisivos com conversas em família com a dona Judite", advertiu.

Semedo ainda teve forças para recorrer novamente ao humor quando frisou que a "geringonça" (referindo-se à sua prótese) "vai funcionando" mas que a outra - o Governo de António Costa com apoio parlamentar de BE, PCP e PEV - "vai funcionar melhor".

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