"Sem voto impresso, não há eleições", ameaça ministro da defesa do Brasil
O ministro da Defesa do Brasil usou um interlocutor para dizer ao presidente da Câmara dos Deputados do país que, se não houver voto impresso e auditável em 2022, não se realizarão eleições. Arthur Lira recebeu este recado de Walter Braga Netto, general muito próximo de Jair Bolsonaro, no dia 8. Nesse mesmo dia, o presidente da República repetira publicamente a ameaça. "Ou fazemos eleições limpas no Brasil, ou não temos eleições", afirmou a apoiantes à entrada do Palácio da Alvorada.
Lira, então, reuniu-se com um grupo próximo, constituído por autoridades políticas e judiciais, e considerou a situação "gravíssima", noticia o jornal O Estado de S. Paulo.
O Congresso Nacional, composto também pelo Senado Federal, além da Câmara dos Deputados, vem votando a possibilidade do fim do uso de urnas eletrónicas no Brasil, apesar de esse método ser considerado um dos mais rápidos, seguros e invioláveis do mundo, e o regresso do voto em papel, por proposta de parlamentares do governo.
Bolsonaro alega que houve fraude na eleição de 2014, em que Dilma Rousseff venceu Aécio Neves, e que teria ganho à primeira volta em 2018, caso o voto fosse em papel. O presidente não apresentou até agora nenhuma prova dessas acusações.
Gleisi Hoffmann, presidente do Partido dos Trabalhadores, o mesmo de Lula da Silva, antigo presidente e líder destacado nas sondagens para 2022, já reagiu pelas redes sociais. "O ministro da Defesa, general de reserva Braga Netto, e o presidente da Câmara, têm de explicar essa ameaça à democracia. Grave essa militância política do comando das Forças Armadas. Ao invés de defender o país, o ameaçam?! A Câmara tem de aprovar a convocação do general pretendente a ditador".