"Sem jornalismo de investigação, os 'cancros' da sociedade continuariam a proliferar"
O regresso à antena da RTP1 do Sexta às 9 aconteceu esta sexta-feira. O programa de investigação jornalística voltou com uma renovação a nível de cenário. Um espaço que se pretende "real e mais dinâmico", explica Sandra Felgueiras, pivô e coordenadora do programa, mas que se mantém "fiel à sua marca: investigações credíveis e profundas que irão seguramente contribuir para trazer muitas verdades ocultas ao domínio público".
"Como costumo dizer, o nosso lema nunca poderá mudar: estamos aqui para contar a verdade custe o que custar, doa a quem doer! E esta é uma missão que não tem preço", diz a jornalista, adiantando que as reportagens "são sempre decididas em função da atualidade e muito em particular em função daquilo que o público quer ver aprofundado". "Orgulho-me de dizer que criámos uma excelente relação de interatividade com os nossos espectadores. Recebemos dezenas de denuncias diariamente e acolhemos muitas delas, que têm mesmo dado origem a investigações de grande pertinência e atualidade. Por isso, só tenho de pedir que nos continuem a enviar denúncias e sugestões porque é mesmo verdade que este programa é feito por todos e com todos exatamente, porque é para todos"
Em fevereiro do próximo ano, o programa faz cinco anos em antena. "Mais do que nunca", um exemplo de como o jornalismo de investigação tem lugar em Portugal e é "um dos pilares da democracia". "Sem ele, os 'cancros' da sociedade continuariam a proliferar. Este jornalismo, no mínimo, intimida quem não tem, por norma, vergonha na cara. E com o funcionamento lento dos nossos tribunais, as investigações jornalísticas acabam muitas vezes por reparar injustiças ou, pelo menos, funcionar como alertas que evitam males maiores".
"Perfeccionista por natureza", Sandra Felgueiras conta que sofre "com o sofrimento dos outros" e encara o jornalismo "como uma missão única de poder ajudar". É isso, explica, que procura fazer diariamente. Por isso, os desafios mais difíceis para si são sempre aqueles que implicam "salvar vidas". "Um deles foi tentar salvar o Leandro: o jovem de 17 anos preso injustamente, que após as reportagens do Sexta às 9 [emitida em maio do ano passado] foi libertado. Ficará para sempre no meu coração como um extraordinário gesto de reposição de justiça conseguido apenas através do poder ímpar do jornalismo", recorda.