Selvagem, perigoso e sagrado

O Ornitólogo, João Pedro Rodrigues
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Um ornitólogo perdido nos locais mais secretos do Douro depois de um acidente no seu caiaque. A partir daí, fica confrontado e atraído pela natureza mais selvagem. João Pedro Rodrigues encena uma representação de um território de lenda. Navega por vários géneros cinematográficos e mesmo sendo uma síntese de toda a sua obra, é o seu filme mais livre, mais selvagem e com mais desejo (mesmo quando já não há o fator explícito d'O Fantasma). Do western ao filme de aventuras, passa também o fantástico e o "gore". O Ornitólogo é o culminar de uma longa caminhada de cinema.


Pede-se o céu e o inferno a um objeto com coisas de floresta encantada. Claro que tem um desplante profano, claro que se agita por algo de sagrado e não necessariamente religioso. Mas é um filme sempre a reboque do milagre. Se houver fé do espetador esta luz terá ainda uma beleza maior. A cortesia é também do seu diretor de fotografia, Rui Poças, capaz de encetar diálogos entre o sol e a sombra.


Venceu o Prémio de Realização em Locarno. Está aqui o melhor filme português do ano, de longe...

Classificação: ****

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