"Se as eleições tivessem sido a 27 de outubro, eu seria presidente"

Hillary Clinton admitiu que a sua campanha não foi perfeita mas não retira a culpa dos fatores externos
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Hillary Clinton responsabilizou esta terça-feira o diretor do FBI, James Comey, e a Rússia pela sua derrota nas eleições presidenciais dos Estados Unidos de novembro do ano passado.

A ex-candidata democrata, que perdeu para Donald Trump, disse ter sido vítima de uma "interferência sem precedentes". "Incluindo de uma potência estrangeira cujo líder não é membro do meu clube de fãs", acrescentou Clinton, no evento Women for Women, em Nova Iorque.

"Eu estava a caminho de ganhar até uma combinação da carta de Jim Comey a 28 de outubro, do Wikileaks e dos russos levantarem dúvidas nas mentes das pessoas que estavam inclinadas a votar em mim e ficaram com medo", disse Hillary Clinton.

Segundo a ex secretária de Estado, a carta enviada por Comey ao congresso a 28 de outubro - em que o diretor do FBI comunicava a decisão de reabrir as investigações ao caso dos emails de Clinton - e os emails do chefe da campanha democrata, John Podesta, roubados por piratas russos e divulgados pelo Wikileaks alteraram o curso das eleições.

"Se as eleições tivessem sido a 27 de outubro, eu seria a vossa presidente", afirmou Clinton citando as conclusões de Nate Silver, um analista político independente.

Nate Silver defendeu em dezembro que a decisão do FBI de reabrir a investigação ao caso dos emails de Clinton 11 dias antes das eleições teve "um grande e mensurável impacto na corrida", alterando o resultado das presidenciais.

"Vou pôr as coisas nestes termos: Clinton seria eleita presidente quase de certeza se as eleições tivessem ocorrido a 27 de outubro (o dia anterior à carta de Comey)", escreveu Nate Silver no Twitter na altura.

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Clinton tem aparecido pouco em público e revelou esta terça-feira que está a escrever um livro de memórias em que falará também sobre as eleições. Em palco, ela admitiu que a sua campanha não foi perfeita mas não retira a culpa dos fatores externos.

"Eu acredito que perdemos por causa das interferências dos últimos 10 dias", disse Clinton. "E acho que conseguem ver que eu liderava nos votos antecipados".

Outro fator que não esteve a favor da candidata, segundo a mesma, foi a misoginia. Questionada pela jornalista se acredita que a misoginia contribuiu para o resultado das eleições, Clinton respondeu: "sim, penso que também teve um papel".

Clinton já tinha feito declarações deste género em dezembro, num evento para um grupo de apoiantes em Manhattan. Na altura, Clinton disse que todos os americanos deveriam ficar preocupados com a interferência russa na eleições.

"Vladimir Putin dirigiu pessoalmente os ataques informáticos porque tem um problema pessoal comigo", afirmou a democrata em dezembro.

Hilary Clinton declara-se agora como uma "cidadã ativista" e "parte da resistência" à presidência de Trump, segundo o Washington Post.

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