Amigos, companheiros, irmãos, assim se definem os The National. Os jovens que trocaram Cincinatti por Nova Iorque amadureceram e cada qual foi para seu lado, foi agora tornado público. Scott Devendorf exigiu novos métodos de trabalho, mas tudo começou como de costume. O que se seguiu é que foi diferente..O primeiro single chama-se The system only dreams in total darkness. Que sistema é este de que falam?.Penso que é um pouco o que está na mente de toda a gente. Creio que é uma canção de esperança, sobre as forças do bem se reagruparem, se é que isto faz algum sentido. É a esperança de que em breve as coisas mudem para melhor..As vossas letras e o tom musical associam-vos mais à depressão do que a estados de alegria. Mas vocês também têm mensagens de esperança, como acabou de dizer, ou letras com humor, como em Dark side of the gym..Sim, claro. Nem tudo é tristeza e nós não somos assim. Sem dúvida de que há um estado de espírito melancólico que nos envolve e de a música ser tocada em tonalidades menores. Nós gostamos da música, mas não transportamos connosco esses sentimentos avassaladores. O Matt (Berninger) é superdivertido em pessoa e algum do seu humor, felizmente, passou (para a música)..Numa entrevista anterior ao novo disco, o Scott afirmou que queria que este disco fosse feito como uma banda e não cada um isolado. Foi isso que aconteceu?.Bem, o processo de escrita começou como das outras vezes, com o Aaron e o Bryce (Dessner) a enviarem algumas ideias para o Matt e a reunirmo-nos depois. Desta vez encontrámo-nos mais cedo. Em abril de 2015 já estávamos a gravar com o objetivo de fazer um novo disco mas sem termos nada de muito concreto em mente. Pegámos nos sketches e tocámo-los mais cedo, por isso pelo caminho todos contribuímos na gravação. Algum do ruído e dos enganos ficaram, o que foi ótimo, pelo menos para nós foi divertido..Quais são as maiores diferenças entre Trouble will find me e Sleep well beast?.Acho que há mais material direto por termos tocado juntos e há menos compassos complexos, apesar de haver algumas reviravoltas. Não sei porquê, tínhamos ficado obcecados com compassos complexos no disco anterior. Em termos sonoros, termos voltado a trabalhar com o Peter Kadis, com quem já tínhamos trabalhado na maioria das nossa gravações, foi um regresso refrescante. Será que isto faz algum sentido? [risos]. Gostei muito do anterior disco, de fazer a digressão e de tocá-lo, mas o facto de termos tido mais tempo, de termos sido mais focados no trabalho e também de termos tido mais liberdade de trabalho por termos mudado o estúdio (do Aaron) de Brooklyn para Upstate (região norte de Nova Iorque) e por ser um open space, o processo de gravação e de mistura estava junto, havia uma continuidade..Por falar em Brooklyn, o grupo conheceu-se em Cincinatti e depois mudaram-se para Brooklyn. Mas agora o Matt vive em Los Angeles e Bryce em Paris, correto?.Sim, é verdade. Também o Bryan vive no Ohio e o Aaron anda de um lado para o outro no estado de Nova Iorque. Só eu me mantenho em Nova Iorque..E como é que isso afeta a vossa relação e o vosso trabalho?.De alguma forma isso uniu-nos mais porque sabemos que temos tempo limitado para trabalhar. Agora o nosso tempo juntos é em digressão ou quando estamos a gravar ou em projetos juntos..Crê que se tivessem ficado em Cincinatti soariam na mesma como soam hoje?.Não sei. Foi um tempo de formação no qual todos crescemos lá, fomos à escola e estávamos juntos na escola ou em bandas. Não começámos os The National em Cincinatti, começámos em Nova Iorque. As experiências nova-iorquinas foram filtradas em conjunto com os anos de formação. Começámos a banda um pouco tarde nas nossas vidas, já nos meados, fim dos 20 anos, de forma casual. É difícil de dizer, se não impossível, mas não se pode negar o facto de termos estado juntos em Cincinatti nos ter ajudado a forjar uma ligação que perdura..Os The National devem ser um caso de estudo porque mantêm os mesmos elementos desde 2001..Isso explica-se porque é um grupo de irmãos e de amigos que se conhecem há muitos, muitos anos, antes da banda. É como se estivesse inscrito no nosso ADN, não podemos fugir uns dos outros [risos].