Scholz apela para a união dos alemães e avisa Moscovo 

Chanceler social-democrata insistiu na importância de uma sociedade sem fraturas e declarou apoio à Ucrânia face à ameaça russa.
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O novo chanceler da Alemanha sublinhou na sua primeira mensagem de Natal a importância da unidade interna e da cooperação internacional, advertiu a Rússia para a "inviolabilidade das fronteiras" e voltou a comprometer-se com a "maior transformação da economia" num século para alcançar uma economia neutra em carbono nos próximos 25 anos.

"Hoje, despedimo-nos de um ano que trouxe consigo uma série de mudanças. Uma pequena mudança é que hoje sou eu a falar-vos na véspera de ano novo como vosso chanceler federal", disse Olaf Scholz, numa referência a Angela Merkel, que se dirigiu aos concidadãos nesta data durante 16 anos. O social-democrata voltou a elogiar o processo "suave e amigável" de transição de poder (facilitado também pelo facto de Scholz ter sido ministro das Finanças de Merkel), tendo daí inferido "a força da sociedade".

Aliás, em mais do que uma ocasião o chefe do governo da inédita coligação sociais-democratas-verdes-liberais elogiou a solidariedade e a capacidade de os alemães se unirem. "Seremos capazes de dominar as grandes mudanças da nossa época se nos unirmos como uma comunidade", declarou. "Hoje em dia, algumas pessoas queixam-se de que a nossa sociedade está dividida. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para deixar bem claro que, de facto, o oposto é verdade: o nosso país está unido." E também terminou o discurso no mesmo tom: "O meu maior desejo para 2022 é que permaneçamos juntos."

Scholz reiterou o compromisso de combater as alterações climáticas ao mesmo tempo que o governo vai procurar maior independência energética e em simultâneo apostar nas infraestruturas, na habitação e na melhoria das condições de vida, ao aumentar o salário mínimo de 9,6 euros por hora para 12 euros. O que o novo chanceler não referiu é que, com o encerramento de três centrais nucleares no último dia de 2021 e as restantes três que estão em funcionamento em 2022 as emissões de gases com efeito de estufa do país vão agravar-se, assim como a dependência energética, em especial do gás fornecido pela Rússia.

Sobre este tema, Scholz fez uma advertência a Moscovo: "No que diz respeito à Ucrânia, existem neste momento novos desafios. A inviolabilidade das fronteiras é um bem valioso e inegociável." O controverso gasoduto Nord Stream 2 está pronto para fornecer gás russo à Alemanha.

Ainda sobre as relações externas, defendeu uma maior "cooperação internacional" e uma "Europa mais soberana e forte".

Num discurso também centrado na pandemia, Scholz reconheceu que controlar a covid será "uma grande tarefa" para o ano que agora começa, e nessa medida afirmou que irá agir de forma "lesta e resoluta" porque "há que ser mais rápido do que o vírus".

cesar.avo@dn.pt

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