Saudades dos Arctic Monkeys levaram uma multidão ao Kalorama

O segundo dia de festival Kalorama esgotou para poder ver Arctic Monkeys, os cabeça de cartaz da noite, com o caos instalado mas também entusiasmo no ar.
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A banda inglesa The Lathums iniciou o segundo dia de Kalorama dedicado sobretudo ao rock. Um público, que em parte já estava à espera da grande atração da noite, os Arctic Monkeys, mas que rapidamente entrou na onda dos The Lathums

A banda optou por uma entrada em grande, com a música Caravan of Love, dos também ingleses The Housemartins, que no final da música surgiram em palco.

Com um fato completamente branco, o vocalista Alex Moore, contrastava com o baterista Ryan Durrans, que atuou sem camisola, talvez numa encarnação do espírito mais rebelde do rock.

A banda indie eletrizou quem estava no público, onde muitos conheciam o reportório e não resistiram acompanhar de viva voz. O ritmo eletrizante foi apenas quebrado num momento em que todos os elementos da banda saíram do palco e ficou apenas Alex Moore, vocalista, para cantar All My Life acompanhado de uma guitarra.

Rapidamente voltaram ao rock para animar o público até ao final da atuação. Entre cada momento de silêncio entre músicas, um grupo gritava "Lathums, Lathums, Lathums", num incentivo ao primeiro concerto da banda em Portugal.

No final, em que todos esperavam por só mais uma canção, o vocalista voltou ao palco não para um esperado encore mas para ir buscar o casaco que se tinha esquecido...

O sol ainda brilhava quando um assobio se começou a fazer ouvir do palco principal e que foi ficando cada vez mais alto. Se calhar para avisar o público de que The Legendary Tigerman estava pronto para entrar e trazer o rock.

Arrancando com The Saddest Girl On Earth, Paulo Furtado e a sua banda começaram por encantar o público com a sua voz de "blues". Acompanhado por uma banda, Paulo Furtado fez questão de interagir com todos os elementos numa energia que só o rock pode trazer.

Desde o início da sua carreira como Legendary Tigerman, em 2000, e até 2014, Paulo Furtado apostou no one man show, e sozinho tocava todos os instrumentos. Apesar de agora se apresentar acompanhado de outros músicos, os vestígios deste one man show não desapareceram completamente com Paulo Furtado a recorrer ao pedal várias vezes para gravar algumas vozes de fundo.

Paulo Furtado e o saxofonista Cabrita em vários momentos entraram numa espécie de competição entre os seus instrumentos.

The Legendary Tigerman optou por uma atuação mais comportada do que o seu habitual mas Paulo Furtado não resistiu a ir junto ao público onde abraçou, beijou e nadou entre fãs. Terminou, ao som de 21st Century Rock 'n' Roll, a pregar o amor e o respeito. "Nunca deixem que vos digam o que fazer, o que está certo, o que está errado, quem amar, respeitem os vossos namorados, namoradas, cães, gatos".

Esta foi a terceira vez que a banda inglesa passou por Portugal, depois de dois anos consecutivos em 2017 e 2018.

Foi com fumo roxo que invadiu o Palco Meo, a música começou a tocar para introduzir o grupo inglês. Embora não muito conhecidos pelo público acabaram por animar a audiência

Com o seus de cabelos compridos, a banda, que existe desde 2013, é composta por cinco elementos: Tom Ogden, vocalista, Charlie Salt, baixista, Josh Dewhurst, guitarrista, Joe Donovan, baterista e cunhado do vocalista, e Myles Kellock, teclista.

Como curiosidade, o baterista do grupo usava t-shirt com as palavras "disco drummer of the year."

Contudo e apesar da plateia não se ter juntado para cantar as músicas dos Blossom (esperava ansiosamente por Arctic Monkeys), não deixou de dar um passinho de dança e gritar para apoiar o grupo.

Uma das músicas que tocaram foi a Your girlfriend, uma música romântica diferente, e o vocalista Tom Ogden contou a história por trás da sua letra, referindo que ouviu alguém a dizer que estava apaixonado pela namorada de um amigo.

O vocalista passou diferentes músicas e percorrer diferentes instrumentos. Sentou-se ao teclado, pegou na guitarra e, claro, no microfone. Só faltou mesmo sentar-se à bateria.

As vozes do público só se juntaram verdadeiramente às dos Blossoms, quando o grupo atuou um cover da música Dont you want me, um original de The Human League.

Para finalizar a atuação, segui-se There"s a reason why, tendo o videoclip desta música foi filmado em Tokyo e inspirado no filme Hard Days Night dos Beatles.

"Estão entusiasmados para ver os Arctic Monkeys Lisboa?", disse Tom Ogden, levando rapidamente a plateia aos gritos. Ficou também a promessa pendente do grupo voltar novamente a Portugal. E em vez de um adeus, ouviu-se um "Vemo-nos outra vez brevemente".

O relógio marcava as 23h e o foco principal era o Palco Meo no Parque da Bela Vista. Enquanto isso a paciência da audiência, neste dia de "casa cheia" era testado com grandes filas quer para comer, beber ou ir aos WC. Algo que a organização terá de rever na próxima edição.

Ainda antes do concerto dos Artic Monkeys já se ouviam gritos a chamarem pelo vocalista Alex Turner. Depois da passagem pelo Nos Alive em 2018, a saudade do grupo fazia-se sentir no público que esgotou o segundo dia do festival. Esta é nona vez que Alex Turner, Matt Helders, Jamie Cook e Nick O'Malley passam por Portugal.

A altura da digressão europeia coincidiu com o anúncio do novo álbum The Car, que será lançado em outubro, depois de quatro anos desde o último álbum em 2018, e com o lançamento do novo single There'd Better Be A Mirrorball no dia 30 de agosto. Embora não tenham dado um "cheirinho" deste novo álbum, o grupo tocou músicas de diversos discos. Vindos de Espanha, onde atuaram na quinta-feira,o reportório de músicas sofreu algumas alterações.

Abriram o concerto em grande com um dos seus maiores sucessos Do I wanna know? de 2013 do disco AM. Um coro juntou-se a cantar a letra da música e milhares de telemóveis levantados para capturar o momento.

"Olá a todos, Como se sentem?", disse Alex Turner, levando o público a uma onda de gritos, antes de prosseguirem com a Snap Out of It, que fez o público saltar e dançar. Apesar dos integrantes do grupo não interagirem muito com a plateia durante o concerto, a energia dos fãs, que sabiam as músicas na ponta da língua, era contagiante.

Na música Cornerstone, juntamente com o vocalista cantaram a letra "You can call me anything you want" ao que Alex Turner respondeu com um "exatamente", deixando os fãs eufóricos.

Por vezes de guitarra na mão e outras de óculos de sol preto e gola para cima, não deixava de impressionar com a sensualidade dos seus movimentos. Num concerto destes não poderia faltar o primeiro single I Bet You Look Good on the Dancefloor do álbum Whatever People Say I Am, That's What I'm Not lançado em 2005.

Quando as luzes se apagaram e os membros do grupo saíram do palco, o cântico de "Alex Alex Alex" voltou-se a repetir, antes de voltarem paras as últimas três músicas. Nos poucos momentos em que interagiu com o público, Alex Turner agradeceu sempre à audiência presente.

Para terminar tal como começaram, ou seja em grande, atuaram a R U Mine?, outro dos grandes sucessos do grupo do disco AM.

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