Sassoli: "A União Europeia não é um acidente histórico"
Eleito à segunda volta com 334 votos em 667 válidos, David-Maria Sassoli quer "relançar o projeto da União Europeia", cuja construção "não é um acidente histórico". E deu o exemplo da sua família. "Sou filho de um homem que aos 20 anos lutou contra outros europeus. Sou filho de uma mulher que também aos 20 anos teve de encontrar refúgio noutra família. Não somos filhos nem netos de acidentes de história, que foi escrita com dor, baseada no desejo de liberdade e de justiça, nas primaveras reprimidas com tanques. Somos os filhos e os netos de quem encontrou o antídoto do nacionalismo que envenenou a nossa história", disse, antes de lembrar que "o nacionalismo pode produzir conflitos destrutivos."
Sassoli, que já tinha citado Jean Monnet no discurso antes da eleição, apelou para o espírito dos pais fundadores. "Faltam valores e sabedoria e temos de recuperar o espírito dos pais fundadores, que deixaram o nacionalismo de lado e conseguiram realizar um projeto de desenvolvimento".
"Muitos alimentaram divisões, mas temos de ter a força de relançar o projeto de união europeia", prosseguiu.
"Esta é a altura de responder com clareza aos cidadãos e de responder ao sentimento de se sentirem perdidos. A dignidade e a solidariedade tem de se defender todos os dias, dentro e fora da UE", afirmou, para depois fazer uma defesa das liberdades europeias e da diversidade. "Há quem tenha problemas em reconhecer as diferenças. Nós estamos orgulhosos da nossa diversidade. Nenhum governo pode matar o valor da dignidade humana, na Europa ninguém pode silenciar a oposição. Não se pode condenar ninguém sobre as suas crenças religiosas e filosóficas, ninguém deve ser discriminado pela orientação sexual, advogou.
Mas Sassoli lembrou também os problemas sociais e ambientais e a forma de responder a esses desafios é através de maior convergência, mas também com a reforma das instituições europeias. Dirigiu-se ao Conselho Europeu, ao lembrar que a maioria do Parlamento votou pela reforma da Regulamento de Dublin sobre o pedido de asilo. "Devemos responder com mais coragem. As instituições não podem ser um obstáculo a uma Europa mais unida."