Sardinhas que dançam e celebram a própria morte

'Estrelas' das Festas de Lisboa'14 são divulgadas esta quinta-feira. Há sete vencedoras "ex aequo".
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É um novo recorde: depois de no ano passado a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) ter recebido 6 446 sardinhas estilizadas, foram este ano enviadas mais de oito mil propostas, provenientes de diversos pontos do País e do mundo. Ainda assim, apenas uma das sete eleitas não é portuguesa.

A honra internacional coube à "Sardine Orchestra" (Sardinha Orquestra, em português) que, criada por Chaochato, de 25 anos, nadou desde o México até Lisboa. A gravura representa um conjunto musical do típico peixe a tocar após ter perdido a vida.

Menos sarcástico e em jeito de homenagem a quem se delicia com a iguaria é o desenho de Jaime Ferraz, de 27 anos, que optou por, segundo a informação enviada ao DN pela EGEAC, representar "várias pessoas, um pássaro e um gato em ambiente de festa".

A felicidade dos comensais serviu também de inspiração para Sara Infante que, aos 25 anos, decidiu "ilustrar dois nadadores que se encontram apanhados de surpresa no meio de mar de algas" vulgarmente conhecido por caldo verde. A reação, imagina, seria semelhante à do chouriço ao "cair desafortunadamente", se "fosse gente", na sopa que não pode faltar nos arraiais.

A festa obriga a uma reserva quase infindável de energia, fruto dos muitos bailaricos que vão surgindo ao virar da esquina. Ana F. Borges, de 27 anos, pergunta, por isso, por que não se junta a sardinha ao baile com uma indumentária especial. "Porque a confusão é muita e as pisadelas são uma constante (...), é também necessário ter um bom calçado para um bom pezinho de dança", explica a lisboeta.

Igualmente característico das Festas de Lisboa é o calor típico de uma noite de verão. Cláudia H. Abrantes, de 30 anos, criou, por isso, "uma piscina em formato de sardinha" apreciada por vários nadadores.

As formas voltam a ser inusitadas na proposta de Alberto Faria, que, aos 47 anos, decidiu revelar a "inesperada semelhança" que os quiosques de Lisboa têm com o peixe que, dita a sabedoria popular, é bom é nos meses sem "R".

Um entrave temporal que Roger Hespanhol, de 45 anos, decidiu contornar com a criação da sardinha pasta-de-dentes, "para representar o sabor que estará na boca de toda a gente durante a festa". O residente em Viseu é o único vencedor nacional que não é da região da Grande Lisboa.

Criado em 2011, o Concurso das Sardinhas teve este ano a sua quarta edição. No ano passado, foram dez as sardinhas eleitas, num número que visou assinalar o décimo aniversário desde que, então com propostas de autor, aquele peixe se transformou na imagem das Festas de Lisboa. Desta vez, houve apenas sete eleitos. Cada um receberá um prémio no valor de dois mil euros líquidos.

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