Sara Duterte é a incógnita nas presidenciais filipinas

Filha do chefe de Estado não é candidata, mas pode mudar de ideias. Filho do ex-ditador, ex-pugilista e vice-presidente estão na corrida.
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As presidenciais filipinas que vão escolher o sucessor de Rodrigo Duterte, impedido por lei de se candidatar a um segundo mandato, são a 9 de maio do próximo ano. Mas os candidatos têm até hoje para se registar. A grande dúvida é saber se Sara Duterte, que substituiu o pai à frente da câmara de Davao quando ele foi eleito em 2016, dará o salto para a presidência. Ele diz que sim, ela diz que não, tendo registado a sua candidatura para mais três anos como autarca. Contudo, é possível alterar as listas até 15 de novembro - como o seu pai fez em 2015. Se avançar terá como adversários, entre outros, o filho do ex-ditador Ferdinand Marcos, o ex-pugilista Manny Pacquiao e a vice-presidente, Leni Robredo.

Sara Duterte, de 43 anos, está à frente das sondagens, apesar da incerteza com a candidatura. Os seus apoiantes têm tentado convencê-la a avançar, mas ela continua a recusar, mesmo depois de o pai dizer oficiosamente que o ia fazer. "Tenho pena de não poder dar aos meus amigos o que eles querem. Quero acabar o meu último mandato como presidente da câmara antes de servir noutra posição", escreveu no Facebook. Em setembro tinha recusado candidatar-se à presidência, dizendo que não o faria porque o pai ia ser candidato à vice-presidência - as eleições para os dois cargos são independentes. Mas Duterte, de 76 anos, anunciou entretanto que se vai reformar da política.

O polémico mas popular presidente quer contudo passar o testemunho a um aliado. Tudo porque está a ser investigado por possíveis crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional, que questiona a sua guerra às drogas, e quer contar com proteção política. Mas mesmo se Sara não avançar, isso não é razão para começar a perder a esperança. O senador Christopher "Bong" Go, braço direito de Duterte desde 1998, anunciou a candidatura a vice-presidente (quando se esperava que avançasse para a presidência). Pode ainda também mudar de ideias.

Quem quer seguir as pegadas do pai é Ferdinand Marcos Jr. O filho do ex-ditador é segundo nas sondagens. Eleito presidente em 1965, Ferdinand Marcos Sr. governou em ditadura de 1972 até 1986, quando foi expulso numa revolta popular e se exilou nos EUA. Foi acusado de torturas e assassinatos, além de corrupção, assim como a sua mulher Imelda, conhecida pela coleção de três mil pares de sapatos e outros luxos.

Após a morte do ex-ditador em 1989, a família foi autorizada a voltar às Filipinas e a própria Imelda foi candidata à presidência - em 1992 e 1998. "Bongbong" Marcos, como é conhecido o filho, já foi governador e senador, tendo ficado em segundo na corrida para vice-presidente em 2016. É outro aliado de Duterte - o presidente deu um funeral de herói nacional ao seu pai e falou publicamente em parar com a busca pela sua fortuna escondida.

O pior que podia acontecer ao presidente filipino seria uma vitória eleitoral da sua atual vice-presidente e arquirrival, Leni Robredo - que em 2016 derrotou por pouco Bongbong. É o nome mais forte dentro da oposição, sendo uma das poucas candidatas de primeira linha - ao todo mais de 40 pessoas registaram a sua candidatura - que é contra a guerra às drogas de Duterte. Opôs-se também ao seu plano de reinstaurar a pena de morte.

Mas as hipóteses de Robredo, de 56 anos, são poucas - é sexta nas sondagens. À sua frente está o ex-pugilista e atual senador Manny Pacquiao, de 42 anos, campeão mundial em oito categorias e uma lenda nas Filipinas. O atual presidente da câmara de Manila, o antigo ator Francisco Domagoso, de 46 anos, é outro dos fortes candidatos. Antes de Robredo surge também o nome da senadora Grace Poe, filha adotiva do ex-candidato presidencial e ator Fernando Poe Jr. Mas esta ainda não tinha ontem confirmado a sua candidatura.

susana.f.salvador@dn.pt

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