PM são-tomense acusa oposição de ter a medalha de ouro das mentiras
O candidato da Ação Democrática Independente (ADI, no poder) às eleições legislativas em São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, dramatizou o pedido de renovação da maioria absoluta, acusando a oposição de ter "a medalha de ouro das mentiras".
"No domingo, vocês vão escolher entre Patrice Trovoada, primeiro-ministro, ou Jorge Bom Jesus, primeiro-ministro", disse, referindo-se ao líder do maior partido da oposição, Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe -- Partido Social Democrata (MLSTP-PSD).
"Vão escolher entre Patrice Trovoada, chefe de um governo do ADI, ou Jorge Bom Jesus a tentar controlar MLSTP, fação um, fação dois, fação três, PCD, MDFM, UDD, PTS, UMDP, blá blá blá blá blá blá blá", afirmou, no comício de encerramento da campanha eleitoral, perante uma multidão que enchia o recinto junto ao Estádio Nacional 12 de Julho, na capital são-tomense.
O líder da ADI referiu: "Como é que se consegue governar um país nessas condições? Isso é atraso, isso é marcha-atrás, isso é confusão", pedindo ao povo para ir "mais além", o lema da candidatura do partido no poder, que conquistou maioria absoluta nas eleições de 2014.
"Temos de votar em massa. Só a maioria absoluta é que vai permitir continuarmos a desenvolver São Tomé e Príncipe na estabilidade", apelou, avisando que "a oposição vai tentar tudo para complicar" as eleições no domingo, com "barricadas, confusão, como fazem habitualmente".
Patrice Trovoada dedicou grande parte do seu discurso, de pouco mais de 20 minutos, a criticar os opositores.
"Os outros, durante esta campanha, ganharam a medalha de ouro das mentiras", afirmou, elencando vários exemplos: que os cadernos eleitorais eram falsos ou que a ADI bloqueou material de campanha da oposição, repetindo: "São mentirosos".
"Durante a campanha, ouvimos Jorge Bom Jesus dizer que vai baixar impostos, propinas, medicamentos, transporte escolar. Ainda bem que não disse que vai baixar as calças, também, mas tudo vai baixar. Como é que vai encontrar dinheiro para a economia?", perguntou.
Trovoada recusou a ideia de que o país "está na miséria", referindo que "alguns políticos da oposição "estão a construir hotel, a abrir restaurante, a construir armazém de cimento".
"Deviam dizer muito obrigado, Governo ADI, porque o país está a crescer", considerou, acusando a oposição de só querer "o poder" e "continuar a boa vida".
"É por isso que eles não gostam de nós", afirmou.
Na intervenção, Patrice Trovoada fez algumas referências a Portugal.
"O país tornou-se um lugar no mundo", disse, recordando que a visita do "presidente de Portugal", Marcelo Rebelo de Sousa (em fevereiro deste ano), entre outros chefes de Estado e responsáveis de organizações internacionais.
Mais tarde, voltou a falar de Portugal, a propósito da mudança da hora - o governo da ADI decidiu o avanço de uma hora, em janeiro deste ano -, que o líder do MLSTP, Jorge Bom Jesus, já prometeu que irá mudar, caso chegue ao poder.
"O Jorge Bom Jesus, quando ele diz 'hora do demónio', tem de perguntar a Portugal, que daqui a uns dias vai mudar a hora, se está com a hora do demónio ou com a hora de Jesus? Vamos deixar de brincadeira", disse.
O "mega-festival" anunciado pela ADI, para sexta-feira, arrancou pouco depois das 16.00 (a mesma hora em Lisboa) e contou com a participação de cerca de 20 artistas são-tomenses e internacionais.
Muitos a pé, mas também em carrinhas e camiões de caixa aberta e, pelo menos, num carro do Ministério da Educação, os simpatizantes da ADI foram enchendo o recinto, quase todos vestidos com 't-shirts' azuis e amarelas, cor do partido, mas também com chapéus, mochilas ou cachecóis, e agitavam bandeiras e cartazes com a cara de Patrice Trovoada, onde se lia: "Obra feita, povo satisfeito, maioria clara" ou "Menos política, mais paz".
Até à chegada do candidato a primeiro-ministro, pelas 18.00, os músicos animaram a multidão, gritando "Uãm, doçu" (Um, dois, em crioulo forro), ao que os apoiantes, com dois dedos no ar, respondiam "Ynhé pê" (riscar), numa referência ao segundo lugar que o partido ocupa no boletim de voto.
No recinto, multiplicavam-se as bancas de venda de comida e bebidas, como bolos, doces, frango ou peixe frito, banana frita ou marisco.
O comício, que marca o encerramento da campanha eleitoral do partido no poder, deve prosseguir pela noite fora.
Mais de 97 mil eleitores são chamados a votar este domingo nas eleições legislativas, autárquicas e regionais do Príncipe.
Jornalista da Agência Lusa