São José não contactou outras unidades devido ao risco do doente

Ex-Presidente do conselho de administração admite que não se tentou transferir o doente, nem apelar ao envio de equipas de outros hospitais.
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Em audição em comissão parlamentar da saúde, Teresa Sustelo explicou os motivos da opção de esperar por segunda-feira para operar o doente. "Não foi contactado o Hospital de Santa Maria nem nenhum outro, porque o doente não deveria ser transferido. O que se mediu aqui foi o risco e o benefício de o doente não se mexer. Se alguém responsável disse que foi a atitude correta, neste caso foi a atitude correta."

A ex-presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, que engloba São José, defendeu a opção tomada pela equipa e justificou ainda que era impensável apelar a outros hospitais que enviassem equipas para tratar David Duarte sem o transferir.

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"Não é razoável chamar profissionais de outro hospital para irem operar um doente. Ninguém ia fazer isto. É preciso conhecer bem o bloco operatório, os equipamentos, os materiais para atuar. É preciso que seja claro para os profissionais. Ninguém ia aceitar fazer isto. As pessoas aceitam trabalhar no hospital que conhecem e eu compreendo isso".

Numa situação semelhante, Teresa Sustelo admite mesmo que a opção "seria igual".

Não foram comunicadas outras mortes

Depois de relatar as circunstâncias e as opções clínicas tomadas em São José, Teresa Sustelo - que pôs o cargo à disposição na sequência deste caso - garante que nunca foram comunicadas outras mortes na sequência de falta de resposta. "Se houve outros doentes nestas situações desconheço em absoluto. Se houve, não houve nenhuma comunicação ao conselho ou à direção clínica. Pode haver suposições, mas têm de ser demonstradas", desafiou.

Neste momento, "decorrem inquéritos e auditorias pedidas por nós aos dados que o hospital tem, para que se demonstre o que aconteceu a outros doentes, dado que não foi referenciada uma única situação", refere, acrescentando que se houvesse outros casos, "deveriam ter sido relatados. Se houve hipótese de haver uma situação destas, era necessário comunicar. O diretor de serviço pode atua sem necessidade de instruções do conselho de administração para fazer acionar as medidas necessárias".

Em relação ao doente, refere que "teve um agravamento rapidíssimo do estado neurológico, crítico e entrou em morte cerebral, infelizmente, o que acontece numa percentagem de casos.". Recordou que se atuou dentro do período janela da 72 horas, por se considerar possível que aguentasse nesse espaço de tempo. O doente permaneceu internado na unidade de neurocríticos, porque se supunha que qualquer transferência poderia determinar "um desfecho mais rápido".

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