Com um orçamento de três milhões de euros financiado pela Comissão Europeia através do programa Horizonte 2020, o projeto adota o lema "mapear para mudar" e pretende "transformar a forma como a poluição por odores é atualmente abordada em todos os níveis do governo - nomeadamente o europeu, nacional e local"..Nesse objetivo estão assim empenhadas 10 instituições da Europa, uma organização chilena e, além da autarquia sanjoanense, duas outras estruturas portuguesas: a APEA - Associação Portuguesa de Engenharia do Ambiente e a LIPOR - Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto. ."O projeto D-NOSES irá capacitar as comunidades locais afetadas pela poluição causada por odores, apoiando-as na recolha de evidências sobre o problema para impulsionar a mudança", declara fonte da Câmara Municipal de São João da Madeira. ."Uma vez identificado e caraterizado o foco da poluição, os parceiros trabalharão com as comunidades locais e outras partes interessadas para projetar possíveis soluções, numa abordagem inovadora de cocriação internacional", realça..Com uma designação que deriva do acrónimo para "Decentralised Network for Odour Sensing, Empowerment and Sustainability", o consórcio D-NOSES resulta da única candidatura aprovada pela Comissão Europeia no âmbito específico do concurso "Ciência com e para a Sociedade" - que foi um dos procedimentos disponibilizados pelo programa de apoio à investigação e inovação Horizonte 2020..Em termos práticos, as entidades envolvidas no projeto têm até março de 2021 para compilar dados que possam "ser tidos em consideração" em futuros planos de despoluição odorífera e que ajudem a definir um "padrão de regulamentação" com potencial para influenciar as políticas públicas de ambiente a nível local, nacional e europeu..As 14 entidades envolvidas têm atividade em Portugal, Alemanha, Grécia, Áustria, Reino Unido, Itália, Bulgária, Chile e ainda Espanha, onde a Fundação Ibercivis assumirá a coordenação do consórcio apostado em partilhar com o público "conhecimento científico especializado na deteção e monitorização de odores"..Essa estratégia já fora adotada pela Câmara de São João da Madeira em 2014, quando a autarquia se associou à multinacional holandesa de olfatometria Odournet para desenvolver um projeto-piloto de monitorização de maus cheiros detetados e comunicados pela sociedade civil. .O empenho do município nesse objetivo ambiental resulta, por sua vez, de um problema local de poluição olfativa que está há décadas por resolver, devido a empresas do concelho de Santa Maria da Feira que, dedicando-se à transformação de subprodutos animais não destinados ao consumo humano, emitem regularmente para a atmosfera as partículas responsáveis pelos cheiros de putrefação registados em São João da Madeira..A mesma preocupação sanitária explica que o conselho consultivo do D-NOSES tenha integrado três outras entidades portuguesas com intervenção no domínio da sustentabilidade: a Universidade de Aveiro, a Agência Portuguesa do Ambiente e a Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território.