Santos Silva manda abrir inquérito para apurar culpados de vídeo
O presidente da mesa da Assembleia da República (PAR) afirmou esta quinta-feira que o áudio do vídeo em que comenta os protestos de IL e Chega no plenário, após a sessão de boas-vindas a Lula da Silva, foi captado sem que nenhum dos intervenientes soubesse.
Depois de confrontado pelos dois partidos antes do início dos trabalhos desta quinta-feira, Augusto Santos Silva anunciou também que, face às declarações captadas, pediu desculpa aos outros órgãos de soberania pela devassa causada pela divulgação do vídeo - que, entretanto, foi apagado do site da ARTV. Os partidos visados, no entanto, ficaram fora do pedido de desculpas.
Além disso, afirmou Santos Silva, o vídeo foi gravado "num momento privado", fora de trabalhos parlamentares, entre sessões solenes, e que, por isso, os órgãos de soberania foram "escutados ilegalmente". Em resposta, Santos Silva anunciou que já foi aberto um processo de averiguações para encontrar eventuais culpados.
"O que aconteceu foi uma violação gravíssima de direitos e liberdades individuais e desrespeito" para com os órgãos de soberania, disse o PAR. Não comentou, também, as declarações captadas, dizendo que "se recusa" a pronunciar e a fazer "debate político" com base na "violação de direitos individuais". E, sem especificar quais ou o quê, disse ainda que algumas das citações que lhe foram atribuídas foram "manifestamente falsas". Na sala, estavam ainda alguns deputados de outras bancadas, como Duarte Pacheco (PSD) ou Maria da Luz Rosinha (PS), que são, respetivamente, vice-presidente e secretária da mesa da Assembleia.
Na origem da polémica está um vídeo divulgado na internet em que se vê (e ouve) Augusto Santos Silva a comentar o protesto da Iniciativa Liberal e do Chega, em conversa com António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa. As imagens são acompanhadas por legendas em que é possível ler e ouvir, entre outras declarações, o presidente da Assembleia da República a afirmar que "aquilo que a Iniciativa Liberal fez [colocar apenas o líder parlamentar no hemiciclo e em silêncio] não é "falta de educação, mas sim falta de integridade política". Ao longo do vídeo, quer António Costa, quer Marcelo Rebelo de Sousa vão comentando e concordando com algumas das declarações de Santos Silva.