Santana já informou Costa sobre a sua candidatura

Decisão de Santana Lopes concorrer contra Rui Rio é dada como certa
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Pedro Santana Lopes está cada vez mais perto de ser oficialmente candidato à presidência do PSD. O DN sabe que a vontade do atual provedor da Santa Casa é mesmo avançar contra Rui Rio e já informou o primeiro-ministro e o ministro da Segurança Social desse cenário, o que o obrigaria a abandonar o cargo para o qual foi reconduzido por António Costa no ano passado. A decisão, apesar de ainda não ter sido anunciada, também já é dada como certa por fontes do partido, informação que começou a correr com maior insistência após o almoço de hoje de Santana com Marcelo Rebelo de Sousa, em Belém.

Santana admitiu ao Expresso que o encontro existiu e "estava combinado há cerca de três semanas". E nem mesmo a nova conjuntura dentro do PSD, com o desaire autárquico e a disputa pela liderança decorrente do anúncio de Passos Coelho não se recandidatar à presidência do partido, constituiu razão para o cancelar.

Também o Presidente da República afastou qualquer ligação entre o seu almoço de hoje com Santana Lopes e a situação interna do PSD. O encontro em Belém foi marcado "há cerca de um mês" e destinou-se apenas a discutir "o papel da Misericórdia no sistema económico e financeiro português", assegurou Marcelo.

Falando aos jornalistas no final de uma cerimónia na Academia das Ciências de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa repetiu que o almoço serviu para ouvir Santana Lopes na sua qualidade de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa - instituição que há muito se diz poder entrar no capital do Montepio Geral.

Sabendo-se que em política o que parece é, a insistência dos jornalistas - a poucas horas do início do Conselho Nacional do PSD para marcar as eleições diretas que vão escolher o sucessor de Pedro Passos Coelho - levou o Chefe do Estado a insistir: "O objetivo [foi] obviamente falar de um tema que tem que ver com o cargo que desempenha" Pedro Santana Lopes, não a sua possível candidatura à presidência dos sociais-democratas.

Mas a verdade é que a corrida para as diretas do PSD dificilmente ficou fora da mesa de refeições. De tal forma que, no final da reunião, nos bastidores do partido corria já a informação que Santana vai mesmo avançar contra Rui Rio, que apresenta a sua candidatura à presidência social-democrata já na quarta-feira, em Aveiro. O encontro com Marcelo Rebelo de Sousa foi lido à distância como um sinal de que estará disposto a avançar e o semanário Expresso noticiou que Santana até já terá feito convites para a sua campanha.

Os meios mais próximos do provedor da Santa Casa notam ao DN que até seria vantajoso que, a avançar, Pedro Santana Lopes o faça depois de Rio. Isto porque muitas das ideias do ex-autarca do Porto não colhem simpatias em vários setores do PSD, que com mais convicção se virariam para a candidatura de Santana Lopes. Contudo, como Santana é um político imprevisível, ao contrário de Rui Rio, pode optar por tomar uma decisão mesmo antes do anúncio formal da candidatura do ex-autarca.

Um congresso antes das diretas

Em Lisboa, a chegada de Pedro Passos Coelho ao Conselho Nacional do PSD foi antecedida pelas explicações de Duarte Marques, ex-líder da JSD, sobre a proposta de se realizar um congresso extraordinário antes das diretas. "Não vale de nada mudar de líder", porque o PSD também "tem de mudar de vida" - a começar pela adaptação dos congressos à opção de realizar eleições diretas, argumentou.

Crítico das diretas, o deputado sustentou que as mudanças de calendários para acomodar a sua proposta são possíveis desde que se queira. Além de permitir uma reflexão sobre o futuro do partido e a sua organização interna, a antecipação do congresso permitiria questionar os candidatos à liderança sobre, por exemplo, que políticas públicas e opções defendem para o país.

As datas

O Conselho Nacional do PSD aprovou esta segunda-feira, "por esmagadora maioria", a data de 13 de janeiro de 2018 para escolher a nova liderança do partido, anunciou o secretário-geral do PSD.

Os conselheiros aprovaram também o Congresso para os dias 16, 17 e 18 de fevereiro, adiantou Matos Rosa.

Esse era o chamado plano B apresentado pela Comissão Política, que inicialmente apontava a data de 9 de dezembro deste ano para realizar as diretas.

A proposta apresentada pelo deputado Duarte Marques não chegou a ser votada, tendo o antigo presidente da JSD manifestado esperança que o novo líder realize um congresso para discutir as alterações internas que constavam da sua proposta.

Fontes sociais-democratas explicaram que a proposta de Duarte Marques dificilmente poderia ser votada esta noite por questões jurídicas, uma vez que não constava da ordem de trabalhos do Conselho Nacional e, para que isso acontecesse, teria de ser feita nova convocatória para outra reunião desse órgão máximo do partido entre congressos.

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