Quase xadrez. Uma movimentação a encurralar o outro jogador, obrigando-o a sacrificar uma peça na jogada seguinte. Líderes congressistas democratas e republicanos chegaram a acordo no sábado sobre um projeto de lei relativa a novas sanções a Moscovo..O congresso dos EUA deixa assim duas opções a Donald Trump. O presidente dos Estados Unidos pode escolher vetar o diploma e preparar-se para ser mais uma vez acusado de estar a fazer o jogo de Vladimir Putin, o seu homólogo russo. Ou pode deixá-lo passar e assim pôr o carimbo numa legislação com a qual não concorda e que lhe enfraquece os poderes para, no futuro, alterar as sanções à Rússia..No passado houve várias ocasiões em que Trump deu a entender que pretendia retirar ou suavizar as sanções a Moscovo. E - apesar de mais tarde ter feito declarações em sentido contrário - quando era apenas candidato presidencial, tal como recorda agora a BBC, chegou mesmo a dar a entender de que estaria na disposição de reconhecer a Crimeia como parte integrante da Federação Russa..Com esta nova legislação, os dois maiores partidos dos EUA deixam assim claro que querem continuar a castigar e a punir Moscovo pela anexação da Crimeia, pela interferência nas eleições norte-americanas e por violações dos direitos humanos - algumas destas relacionadas com o apoio russo ao presidente sírio Bashar al-Assad..O pacote legislativo acordado no sábado entre os representes republicanos e democratas do Senado e da câmara dos Representante impõe também novas sanções ao Irão e à Coreia do Norte. Este é um outro dado que dificulta ainda mais a possibilidade de um veto presidencial, tendo em conta a campanha que a Casa Branca tem feito no sentido de que os dois países sejam castigados..Trump "algemado".Uma vez que a nova legislação - que deverá amanhã ser votada e aprovada na câmara dos Representantes - limita grandemente a capacidade de Donald Trump para mexer nas sanções, o The New York Times sublinha que o Congresso, no qual os republicanos estão em maioria, "algemou" o presidente.."Um congresso unido na quase totalidade prepara-se para enviar ao presidente Putin uma mensagem clara em nome do povo norte-americano e dos nossos países aliados. Precisamos que o presidente Trump nos ajude a enviar esta mensagem", frisava no sábado o senador Benjamin Cardin, líder dos democratas na comissão de Negócios Estrangeiros. "Coreia do Norte, Irão e Rússia, todos, de uma forma ou de outra, ameaçaram os seus vizinhos e de forma ativa procuraram minar os interesses norte-americanos", afirmaram em comunicado dois republicanos da Califórnia - Kevin McCarthy, líder da maioria na Câmara dos Representantes, e Ed Royce, presidente da comissão de Negócios Estrangeiros..Fontes da Casa Branca falaram com o The New York Times e sublinharam que não são capazes de imaginar que Trump - mesmo que considere que a proposta limita a sua autoridade executiva em matéria de política externa - tenha a coragem de vetar o diploma, considerando o ambiente político que se vive nos Estados Unidos nas questões que envolvem a Rússia..Esta é mais uma pedra russa no sapato da Administração Trump, depois de no sábado o The Washington Post ter noticiado que Jeff Sessions - o homem que o presidente escolheu para o cargo de procurador-geral - ao contrário do que o próprio garantiu, terá mesmo discutido a campanha eleitoral e a política para com a Rússia caso Trump fosse eleito nos dois encontros que teve no ano passado com o embaixador russo em Washington.