Sánchez, o político que ganha mesmo quando perde

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Pedro Sánchez ganhará as próximas legislativas espanholas? Porque não? O inexperiente político que ainda há pouco tempo não convencia os barões do PSOE e tinha dificuldades em garantir aos socialistas mais votos do que os do Podemos até já chegou a primeiro-ministro, logo tudo parece possível. E a verdade é que depois de o orçamento ter sido chumbado hoje no parlamento, uma ida antecipada às urnas é quase inevitável, num momento em Espanha em que tudo parece jogar a favor das ambições de Sánchez. Até este voto contra dos nacionalistas.

Vejamos: a quem o acusa de ter derrubado o governo do PP graças a concessões aos partidos nacionalistas, sobretudo os catalães mergulhados numa deriva independentista, poderá dizer que afinal não era assim, tanto que o orçamento não passou; depois, vê o PP de Pablo Casado não só ameaçado de perder votos para o Vox, como poderá usar esse partido novo para assustar o eleitorado de esquerda tornado abstencionista com o perigo da extrema-direita chegar ao poder; o Podemos, entretanto, sofre das lutas internas e do descrédito da liderança de Pablo Iglésias e já não faz tanta sombra aos socialistas como antes; e talvez na Catalunha algum voto nacionalista desencantado se transfira para o PSOE; por fim, mesmo os opositores internos estão calados desde que Susana Díaz perdeu o governo andaluz, e só lhes resta estar por trás de Sánchez.

Ganhar as legislativas pode, porém, não ser suficiente para Sánchez governar. O fim do bipartidarismo espanhol, com PP e PSOE a terem de dividir o eleitorado com Podemos e Ciudadanos (mais os tradicionais partidos nacionalistas), complica-se cada vez mais com a ascensão do Vox, que entrou de rompante no parlamento andaluz e ameaça fazer o mesmo no de Madrid assim que tiver oportunidade.

Mas isso só se saberá lá para abril, data mais provável das eleições do tira-teimas, pois não parece ser boa ideia para o PSOE misturar legislativas com as europeias de maio, que também já são locais e autonómicas em boa parte do país. Seria misturar demasiado.

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