Sánchez inclui Rajoy nas negociações. Rivera diz que acordo é impossível

Carta enviada por PSOE e Ciudadanos a convidar partidos para tentar conseguir um acordo não especifica que o líder dos socialistas é o candidato a primeiro-ministro. Grupo de militantes do PP quer um congresso em maio
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PSOE e Ciudadanos estão apostados em ir além dos 131 votos que Pedro Sánchez obteve na segunda votação de investidura da passada sexta-feira e que foram insuficientes para garantir a eleição do socialista como primeiro-ministro. E isso inclui agora encetar pela primeira vez negociações com o PP, algo que Pedro Sánchez sempre recusou, mas que o Ciudadanos via como essencial para a estabilidade do país. O primeiro passo está dado, mas com Albert Rivera a dar, curiosamente, como impossível um pacto de governo com Mariano Rajoy.

Socialistas e Ciudadanos enviaram ontem uma carta a vários partidos - PP, Podemos, En Comú, Mareas, Compromís, Partido Nacionalista Basco e Esquerda Unida - a mostrar disponibilidade para encetar negociações para conseguir formar um novo governo. De fora ficaram as formações políticas independentistas ERC e DiL (Catalunha) e Bildu (País Basco).

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Segundo o El País, em momento algum do documento está expresso que Pedro Sánchez será o candidato à liderança do governo. "Este é um acordo que está aberto a contribuições, sugestões e melhorias por parte de outros grupos políticos e também de agentes sociais e do resto da sociedade civil, a fim de ampliar o apoio político e da cidadania à constituição de um novo acordo o mais depressa possível", pode ler-se na missiva.

"O relógio anda depressa" para que "haja um novo governo de mudança", declarou ontem Antonio Hernando, porta-voz dos socialistas no Congresso e o homem que tem liderado a equipa de negociações do PSOE, justificando a inclusão inédita do PP na lista de destinatários.

Sobre o Podemos, que recusou continuar a negociar com o PSOE por causa do Ciudadanos, Hernando disse esperar que "desta vez não recorram a vetos, desculpas ou táticas". "Ter um governo em Espanha é urgente e se já o tivéssemos não teríamos assistido à vergonha de ver um antigo diretor de imprensa do PP como diretor da TVE", prosseguiu o parlamentar socialista.

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Incapaz de fazer reformas

Desde dezembro que o líder do Ciudadanos tem vindo a defender uma aliança entre PSOE, PP e o seu partido, independentemente dos moldes em que fosse selada. Mas ontem veio a público dizer que com acordo com Mariano Rajoy é "impossível". "Se for com outro tudo muda", sublinhou Albert Rivera, lembrando que a aliança entre o Ciudadanos e o PSOE não especifica que Pedro Sánchez tem de ser o candidato a primeiro-ministro.

"O senhor Rajoy é incapaz de levar a cabo todas estas reformas, são o contrário de tudo o que quis fazer", referiu ontem o líder do Ciudadanos, referindo-se à lista de mais de 200 medidas que fazem parte do acordo com os socialistas. "A frase "lutar contra a corrupção" e Mariano Rajoy são antagónicas", insistiu em entrevista à Antena 3.

Para Rivera a única solução é uma revolta dos militantes populares para afastar Mariano Rajoy da liderança. "Muitos eleitores do PP queriam uma renovação do partido. Há muita gente válida, gente que não está de acordo com Rita Barberá, com o que se passa em Valência", disse o líder do Ciudadanos, referindo-se a alguns dos casos de corrupção que ensombram o PP.

Curiosamente ontem um grupo de militantes populares divulgou um comunicado, intitulado A Catástrofe não é inevitável, no qual é pedida a convocação imediata de um congresso do PP para maio com o objetivo de "regenerar o partido".

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Mas a preocupação atual de Rajoy é mesmo o governo. O primeiro-ministro já havia dito na segunda-feira que aceitava encontrar-se com Sánchez e Rivera, perante a imposição do socialista de que as negociações só serão feitas com a presença dos dois. Mas ontem, Mariano Rajoy ainda não tinha dado sinais de quando será esse encontro. Até lá, o alvo das suas críticas é o líder do Ciudadanos.

"Não vou entrar em polémicas com Rivera. Não vou pedir que vá a algum lado. Mas digo que se mudou com armas e bagagens para o lado do apoio ao PSOE e ao seu candidato, Pedro Sánchez", declarou o líder do PP, que nas negociações pretende impor o seu nome como o candidato à investidura.

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