A campanha eleitoral levou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, a endurecer o discurso em relação aos independentistas catalães. O líder socialista não hesita em ameaçar recorrer ao artigo 155.º da Constituição para suspender a autonomia da Catalunha, diante das críticas de uma direita dividida que o acusa de pactuar com quem quer destruir o país para se manter no poder. Mas conseguirá Sánchez resistir ao apoio dos independentistas catalães na hora de formar governo.."Se tiver de aplicar o artigo 155.º da Constituição, aplicá-lo-ei com consenso e de modo proporcional ao desafio que se apresente", disse Sánchez à rádio Antena 3. "As forças independentistas devem saber que atuarei com toda a contundência." A cada comício mostra-se confiante, com as sondagens a dizer que conseguirá a primeira vitória para os socialistas em 11 anos. O primeiro-ministro acredita ainda que será possível o PSOE depender "só das suas próprias forças", falando com todos os partidos mas governando sozinho..Todas as sondagens apontam para a vitória dos socialistas, mas até nos cenários mais favoráveis ao PSOE este dependerá pelo menos do apoio da Unidas Podemos, de Pablo Iglesias, e do Partido Nacionalista Basco, para ter os votos necessários para a investidura. Mas nos cenários menos favoráveis as sondagens não afastam totalmente a hipótese de um governo de direita, com o Partido Popular de Pablo Casado, o Ciudadanos de Albert Rivera e a extrema-direita do Vox, de Santiago Abascal..A aplicação do artigo 155.º faz parte do programa dos três partidos da direita. Já no programa eleitoral socialista lê-se: "Nem desde o direito de autodeterminação nem desde um estad o de exceção territorial com carácter permanente através do artigo 155.º pode construir-se o futuro." Mas isso não significa que Sánchez não esteja disponível para o usar. "Peço aos líderes independentistas que sejam corajosos e digam às pessoas que acreditaram neles que as enganaram, que lhes mentiram e que a independência não vai acontecer. Não vai haver um referendo na Catalunha", disse..Depois das críticas que ouviu por ter dependido do apoio dos independentistas catalães para afastar Mariano Rajoy do poder e da abertura que mostrou para dialogar com eles, Sánchez procura esvaziar as críticas à direita que o acusam de pactuar com eles. Uma direita que compete pelo mesmo eleitorado, com os três partidos a arriscar anular-se mutuamente por causa da divisão territorial e do método de distribuição dos lugares no Congresso. Em várias províncias conservadoras, a divisão de votos poderá colocar o PSOE em primeiro..Independentistas suavizam discurso.O primeiro-ministro reitera que só através do diálogo haverá uma solução para a Catalunha, lembrando que esta nunca passará por um referendo - algo que na prática o diferencia da Unidas Podemos, que defende essa consulta. "Nunca significa nunca! Nunca vai haver um referendo, nem a independência e não vamos permitir que se rompa a Constituição e o Estatuto", disse Sánchez aos apoiantes presentes num comício em Badalona, na Catalunha, na quinta-feira..Enquanto o líder socialista nega a hipótese de um referendo, os independentistas continuam a dizer que mais tarde ou mais cedo ele vai ceder. E, depois de na prática obrigarem Sánchez a antecipar as eleições ao não aprovar o Orçamento do Estado, estendem-lhe agora a mão, reconhecendo que é um mal menor frente ao "tripartido" da direita.."Ninguém deve cometer o erro de fixar linhas vermelhas num cheque em branco para um governo do tripartido da extrema-direita", indicou o líder da Esquerda Republicana da Catalunha, Oriol Junqueras, detido e a ser julgado por sedição, rebelião e peculato na organização do referendo de 1 de outubro de 2017 e consequente declaração unilateral de independência. Essas linhas vermelhas seriam exigir a Sánchez o referendo em troca do apoio..Já o Junts per Catalunya, a lista liderada por Carles Puigdemont, que escapou à prisão indo para Bruxelas, pede a Sánchez um "compromisso com o diálogo" e que "não negue o referendo como uma opção". Jordi Sánchez, cabeça-de-lista do Junts, defendeu nesta quinta-feira numa conferência de imprensa desde a prisão que "mais cedo ou mais tarde o PSOE aceitará a via do referendo", acrescentando que não vai impor uma consulta em troca do apoio, mas também não pode aceitar que se rejeita essa solução..No final, resta ainda um tabu: a possibilidade de Sánchez indultar os líderes independentistas que estão a ser julgados. Uma hipótese que este não negou categoricamente e que deverá ser uma das armas de ataque da direita nos dois debates televisivos que Sánchez foi forçado a aceitar: um na segunda-feira, na RTVE, e outro na terça, na Atresmedia..Inicialmente, Sánchez disse que queria estar apenas no segundo debate, para o qual o Vox também estava convidado. Mas a Junta Eleitoral recusou a presença da extrema-direita por falta de representatividade no atual Congresso, e o líder socialista aceitou ir ao da televisão espanhola, entretanto adiado para terça-feira. Tal causou críticas na oposição e o primeiro-ministro acabou por ceder. "Que remédio", terá dito nesta sexta-feira durante uma arruada em La Rioja.
A campanha eleitoral levou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, a endurecer o discurso em relação aos independentistas catalães. O líder socialista não hesita em ameaçar recorrer ao artigo 155.º da Constituição para suspender a autonomia da Catalunha, diante das críticas de uma direita dividida que o acusa de pactuar com quem quer destruir o país para se manter no poder. Mas conseguirá Sánchez resistir ao apoio dos independentistas catalães na hora de formar governo.."Se tiver de aplicar o artigo 155.º da Constituição, aplicá-lo-ei com consenso e de modo proporcional ao desafio que se apresente", disse Sánchez à rádio Antena 3. "As forças independentistas devem saber que atuarei com toda a contundência." A cada comício mostra-se confiante, com as sondagens a dizer que conseguirá a primeira vitória para os socialistas em 11 anos. O primeiro-ministro acredita ainda que será possível o PSOE depender "só das suas próprias forças", falando com todos os partidos mas governando sozinho..Todas as sondagens apontam para a vitória dos socialistas, mas até nos cenários mais favoráveis ao PSOE este dependerá pelo menos do apoio da Unidas Podemos, de Pablo Iglesias, e do Partido Nacionalista Basco, para ter os votos necessários para a investidura. Mas nos cenários menos favoráveis as sondagens não afastam totalmente a hipótese de um governo de direita, com o Partido Popular de Pablo Casado, o Ciudadanos de Albert Rivera e a extrema-direita do Vox, de Santiago Abascal..A aplicação do artigo 155.º faz parte do programa dos três partidos da direita. Já no programa eleitoral socialista lê-se: "Nem desde o direito de autodeterminação nem desde um estad o de exceção territorial com carácter permanente através do artigo 155.º pode construir-se o futuro." Mas isso não significa que Sánchez não esteja disponível para o usar. "Peço aos líderes independentistas que sejam corajosos e digam às pessoas que acreditaram neles que as enganaram, que lhes mentiram e que a independência não vai acontecer. Não vai haver um referendo na Catalunha", disse..Depois das críticas que ouviu por ter dependido do apoio dos independentistas catalães para afastar Mariano Rajoy do poder e da abertura que mostrou para dialogar com eles, Sánchez procura esvaziar as críticas à direita que o acusam de pactuar com eles. Uma direita que compete pelo mesmo eleitorado, com os três partidos a arriscar anular-se mutuamente por causa da divisão territorial e do método de distribuição dos lugares no Congresso. Em várias províncias conservadoras, a divisão de votos poderá colocar o PSOE em primeiro..Independentistas suavizam discurso.O primeiro-ministro reitera que só através do diálogo haverá uma solução para a Catalunha, lembrando que esta nunca passará por um referendo - algo que na prática o diferencia da Unidas Podemos, que defende essa consulta. "Nunca significa nunca! Nunca vai haver um referendo, nem a independência e não vamos permitir que se rompa a Constituição e o Estatuto", disse Sánchez aos apoiantes presentes num comício em Badalona, na Catalunha, na quinta-feira..Enquanto o líder socialista nega a hipótese de um referendo, os independentistas continuam a dizer que mais tarde ou mais cedo ele vai ceder. E, depois de na prática obrigarem Sánchez a antecipar as eleições ao não aprovar o Orçamento do Estado, estendem-lhe agora a mão, reconhecendo que é um mal menor frente ao "tripartido" da direita.."Ninguém deve cometer o erro de fixar linhas vermelhas num cheque em branco para um governo do tripartido da extrema-direita", indicou o líder da Esquerda Republicana da Catalunha, Oriol Junqueras, detido e a ser julgado por sedição, rebelião e peculato na organização do referendo de 1 de outubro de 2017 e consequente declaração unilateral de independência. Essas linhas vermelhas seriam exigir a Sánchez o referendo em troca do apoio..Já o Junts per Catalunya, a lista liderada por Carles Puigdemont, que escapou à prisão indo para Bruxelas, pede a Sánchez um "compromisso com o diálogo" e que "não negue o referendo como uma opção". Jordi Sánchez, cabeça-de-lista do Junts, defendeu nesta quinta-feira numa conferência de imprensa desde a prisão que "mais cedo ou mais tarde o PSOE aceitará a via do referendo", acrescentando que não vai impor uma consulta em troca do apoio, mas também não pode aceitar que se rejeita essa solução..No final, resta ainda um tabu: a possibilidade de Sánchez indultar os líderes independentistas que estão a ser julgados. Uma hipótese que este não negou categoricamente e que deverá ser uma das armas de ataque da direita nos dois debates televisivos que Sánchez foi forçado a aceitar: um na segunda-feira, na RTVE, e outro na terça, na Atresmedia..Inicialmente, Sánchez disse que queria estar apenas no segundo debate, para o qual o Vox também estava convidado. Mas a Junta Eleitoral recusou a presença da extrema-direita por falta de representatividade no atual Congresso, e o líder socialista aceitou ir ao da televisão espanhola, entretanto adiado para terça-feira. Tal causou críticas na oposição e o primeiro-ministro acabou por ceder. "Que remédio", terá dito nesta sexta-feira durante uma arruada em La Rioja.